domingo, 11 de novembro de 2012

ROTEIRO HOMILÉTICO DO 32o. DOMINGO DO TEMPO COMUM


Roteiro Homilético – XXXII Domingo do Tempo Comum – Ano B



RITOS INICIAIS

Sl 87, 3
ANTÍFONA DE ENTRADA: Chegue até Vós, Senhor, a minha oração, inclinai o ouvido ao meu clamor.

Introdução ao espírito da Celebração


Normalmente, somos pouco ousados nas decisões, especialmente quando elas põem em causa os nossos interesses e bens. Actuamos com prudência, pesando antes os prós e os contras, e só depois fazemos a nossa opção.
Mas a fé dá-nos a audácia para uma decisão que os prudentes mundanos julgam arriscada, porque nos fortalece a garantia de que Deus nunca nos falta.
Toda a Liturgia da Palavra deste 32.º Domingo nos fala da confiança que havemos de ter, quando o Senhor nos pede generosidade.

ACTO PENITENCIAL


Por causa da nossa fé débil, hesitamos muitas vezes quando o Senhor nos pede algo que vai perturbar a nossa preguiça e comodismo.
Reconheçamos humildemente que as nossas hesitações, dúvidas e adiamentos nas decisões que o Senhor nos pede são causadas pela falta de fé e de amor.
Peçamos humildemente perdão e prometamos ao nosso Deus emenda de vida, contando sempre com a Sua ajuda paterna.

(Tempo de silêncio. Apresentamos, como alternativa, elementos para o esquema C)

•   Para os adiamentos da nossa conversão pessoal,
por causa dos apegos ao mal que alimentamos,
Senhor, misericórdia!

     Senhor, misericórdia!

•   Para o comportamento mesquinho para com Deus,
quando procuramos oferecer-lhe o menos possível,
Cristo, misericórdia!

     Cristo, misericórdia!

•   Para a tibieza com que vivemos a vocação cristã,
fruto da falta de amor e gratidão ao nosso Deus,
Senhor, misericórdia!

     Senhor, misericórdia!

Deus todo poderoso tenha compaixão de nós,
perdoe os nossos pecados e nos conduza à vida eterna.

ORAÇÃO COLECTA: Deus eterno e misericordioso, afastai de nós toda a adversidade, para que, sem obstáculos do corpo ou do espírito, possamos livremente cumprir a vossa vontade. Por Nosso Senhor…


LITURGIA DA PALAVRA


Primeira Leitura


Monição: Uma mulher viúva de Sarepta, apesar da sua pobreza e necessidade, mostra-se disponível para acolher os apelos, os desafios e os dons de Deus. Sacrifica a escassa reserva de alimento que conservava para o seu filho e para si, e alimenta o profeta.
O Senhor recompensa os que O amam. A história dessa viúva que reparte com o profeta os poucos alimentos que tem, garante-nos que a generosidade, a partilha e a solidariedade não empobrecem, mas são geradoras de vida e de vida em abundância.

Reis 17,10-16
Naqueles dias, 10o profeta Elias pôs-se a caminho e foi a Sarepta. Ao chegar às portas da cidade, encontrou uma viúva a apanhar lenha. Chamou-a e disse-lhe: «Por favor, traz-me uma bilha de água para eu beber». 11Quando ela ia a buscar a água, Elias chamou-a e disse: «Por favor, traz-me também um pedaço de pão». 12Mas ela respondeu: «Tão certo como estar vivo o Senhor, teu Deus, eu não tenho pão cozido, mas somente um punhado de farinha na panela e um pouco de azeite na almotolia. Vim apanhar dois cavacos de lenha, a fim de preparar esse resto para mim e meu filho. Depois comeremos e esperaremos a morte». 13Elias disse-lhe: «Não temas; volta e faz como disseste. Mas primeiro coze um pãozinho e traz-mo aqui. Depois prepararás o resto para ti e teu filho. 14Porque assim fala o Senhor, Deus de Israel: ‘Não se esgotará a panela da farinha, nem se esvaziará a almotolia do azeite, até ao dia em que o Senhor mandar chuva sobre a face da terra’». 15A mulher foi e fez como Elias lhe mandara; e comeram ele, ela e seu filho. 16Desde aquele dia, nem a panela da farinha se esgotou, nem se esvaziou a almotolia do azeite, como o Senhor prometera pela boca de Elias.

Mais uma vez a leitura foi escolhida em função da viúva do Evangelho de hoje, cuja generosidade é louvada pelo Senhor, a maravilhosa generosidade dos pobres a dar lições a todos.
10 «Sarepta». Cidade fenícia, a 15 Km a Sul de Sídon, onde havia fabricação de vidro e um porto marítimo. Para ali se tinha dirigido o profeta Elias, no início da sua vocação profética, por ordem divina, para escapar à perseguição real. «Elias» é um nome que significa «o meu Deus é Yahwéh». Profeta orador, não escritor, ficou como tendo sido o maior dos profetas, o grande lutador pela causa de Yahwéh. Foi quem evitou que no reino do Norte a religião da Aliança tivesse sido extinta com a feroz perseguição da pagã Jezabel, filha do rei de Tiro, a qual dominou o seu marido, o rei Acab. «Uma viúva», admirável pela sua fé e generosidade, embora estrangeira.

Salmo Responsorial

 Sl 145 (146), 7.8-9a.9bc-10 (R. 1 ou Aleluia)

Monição: A Liturgia convida-nos a entoar um salmo no qual nos exorta a confiar no Senhor porque Ele coloca a Sua omnipotência ao serviço do Seu Amor para connosco.
Façamos dele a nossa oração e procuremos viver na prática o que o texto sagrado nos propõe.

Refrão:         Ó MINHA ALMA, LOUVA O SENHOR.

Ou:                ALELUIA.

O Senhor faz justiça aos oprimidos,
dá pão aos que têm fome
e a liberdade aos cativos.

O Senhor ilumina os olhos do cego,
o Senhor levanta os abatidos,
o Senhor ama os justos.

O Senhor protege os peregrinos,
ampara o órfão e a viúva
e entrava o caminho aos pecadores.

O Senhor reina eternamente;
o teu Deus, ó Sião,
é rei por todas as gerações.

Segunda Leitura


Monição: O autor da Carta aos hebreus propõe-nos o exemplo de Cristo, o sumo-sacerdote que entregou a sua vida em favor de todos nós. Ele mostrou-nos, com o seu sacrifício, qual é a medida do dom perfeito que Deus quer e que espera de cada um dos seus filhos.
Mais do que dinheiro ou outros bens materiais, Deus espera de nós o dom da nossa vida, da nossa vontade que se abandona ao serviço do Seu projecto de salvação para os homens e para o mundo.


Hebreus 9, 24-28
24Cristo não entrou num santuário feito por mãos humanas, figura do verdadeiro, mas no próprio Céu, para Se apresentar agora na presença de Deus em nosso favor. 25E não entrou para Se oferecer muitas vezes, como o sumo sacerdote que entra cada ano no Santuário, com sangue alheio; 26nesse caso, Cristo deveria ter padecido muitas vezes, desde o princípio do mundo. Mas Ele manifestou-Se uma só vez, na plenitude dos tempos, para destruir o pecado pelo sacrifício de Si mesmo. 27E, como está determinado que os homens morram uma só vez e a seguir haja o julgamento, 28assim também Cristo, depois de Se ter oferecido uma só vez para tomar sobre Si os pecados da multidão, aparecerá segunda vez, sem a aparência do pecado, para dar a salvação àqueles que O esperam.

O autor sagrado, depois de se ter referido ao sacrifício da antiga aliança no Sinai (vv. 18-23), enaltece a superioridade do sacrifício de Cristo, com que sela a nova e definitiva aliança.
24 «O próprio Céu» é aqui considerado como o verdadeiro santuário onde Cristo Sacerdote está sempre a interceder por nós, «em nosso favor» (aplicando-nos os frutos do seu sacrifício). O santuário de Jerusalém (especialmente o Santo dos Santos) não passa duma «figura do verdadeiro», o Céu. É interessante notar como ao longo da epístola se fala do santuário de Jerusalém como de algo que ainda existe e cujo esplendoroso culto pode fascinar os judeus convertidos (talvez muitos até da classe sacerdotal: cf. Act 6, 7) a abandonarem a fé perante as dificuldades e perseguições. Se o templo já tivesse sido destruído, o hagiógrafo teria à disposição o melhor argumento a seu favor para demonstrar a superioridade do sacerdócio de Jesus. Daqui se pode concluir que o escrito é anterior ao ano 70.
25-26 «Diversas vezes: uma só vez». Mais uma vez se fala do contraste entre os sacrifícios do Dia da Expiação (Yom Kippur), repetidos todos os anos, e o de Cristo, oferecido de uma vez para sempre por ser capaz de destruir o pecado, e não «com sangue alheio», como no culto judaico, mas com o seu próprio sangue!
27 «Depois vem o julgamento». O contexto parece sugerir que se trata do juízo final; mas a existência do chamado juízo particular, após morte, pertence à doutrina católica da chamada «escatologia intermédia» (cf. Catecismo da Igreja Católica, nº 1021-1022).

Aclamação ao Evangelho

Mt 5, 3

Monição: Diante de Deus somos, muitas vezes, calculistas e tímidos nas decisões que implicam generosidade para com Ele.
O Evangelho anima-nos a confiar inteiramente no Senhor que nunca desampara os Seus amigos.
Agradeçamos a alegria que nos dá esta mensagem de salvação e aclamemos o Evangelho que enche de luz a nossa vida.

ALELUIA

Bem-aventurados os pobres em espírito,  porque deles é o reino dos Céus.


Evangelho *



Forma longa: São Marcos 12, 38-44               Forma breve: São Marcos 12, 41-44
Naquele tempo, 38Jesus ensinava a multidão, dizendo: «Acautelai-vos dos escribas, que gostam de exibir longas vestes, de receber cumprimentos nas praças, 39de ocupar os primeiros assentos nas sinagogas e os primeiros lugares nos banquetes. 40Devoram as casas das viúvas com pretexto de fazerem longas rezas. Estes receberão uma sentença mais severa».
[41Jesus sentou-Se em frente da arca do tesouro a observar como a multidão deitava o dinheiro na caixa. Muitos ricos deitavam quantias avultadas. 42Veio uma pobre viúva e deitou duas pequenas moedas, isto é, um quadrante. 43Jesus chamou os discípulos e disse-lhes: «Em verdade vos digo: Esta pobre viúva deitou na caixa mais do que todos os outros. 44Eles deitaram do que lhes sobrava, mas ela, na sua pobreza, ofereceu tudo o que tinha, tudo o que possuía para viver»].

O texto de hoje na sua forma longa põe em contraste a ostentação e a ganância dos escribas (vv. 38-40) com a generosidade duma anónima pobre viúva (v. 42).
41 «Arca do tesouro». No Templo reconstruído por Herodes, o Grande, os cofres das ofertas ficavam no átrio das mulheres para onde se entrava do adro dos gentios através da Porta Formosa. Havia na parede 13 frestas por onde eram depositadas as ofertas, segundo os diversos destinos, sendo uma delas para as esmolas de devoção voluntária. Como era um sacerdote a colocar as esmolas na devida fresta era fácil observar quanto dava cada pessoa.
42 «Duas pequenas moedas», o texto original diz que eram dois leptos, o nome grego da moeda mais pequena; S. Marcos, que escreve para cristãos de Roma, dá imediatamente o seu valor cambial em moeda romana: aquelas duas moedas perfaziam «um quadrante» (3 gramas de bronze). Como também S. Lucas, ele acentua a extraordinária generosidade da viúva ao dizer que dá duas moedas, pois bem podia ter dado só uma, mas deu as duas; «ofereceu tudo o que tinha, tudo o que possuía para viver»!

Sugestões para a homilia

• Deus quer o nosso coração todo
A generosidade, virtude humana
A nossa generosidade
A família, escola de generosidade
• O Senhor ama o que dá com alegria
Deus lê em nosso coração
A dificuldade da entrega vocacional
A confiança em Deus, nossa fortaleza


A Liturgia da Palavra deste 32º Domingo do Tempo Comum apresenta-nos três pessoas que são outros tantos exemplos e generosidade:
– A viúva de Sarepta que, movida pela confiança em Deus, entrega a Elias a última farinha e o resto de azeite com que se propõe preparar a última refeição para ela e para o filho. E conclui a oferta de um modo dramático: «Depois, aguardaremos a morte» (pela fome).
– A viúva do Evangelho que, envergonhada pela insignificância da sua oferta, deposita na caixa das esmolas duas pequenas moedas que eram toda a sua «fortuna». Ficamos sem saber que poderia ela ter para matar a fome, quando saísse do Templo. A sua confiança em Deus não lhe permite pôr entraves à generosidade.
– Jesus Cristo não se limita a dar-nos o último punhado de farinha de que dispõe, nem as últimas gotas de azeite, nem as últimas moedas, mas dá-Se a Si mesmo na Cruz, entregando-Se-nos total e incondicionalmente na Palavra e na Eucaristia. E faz isto, não apenas uma vez, mas todos os dias.
Lembramos, neste momento, uma outra mulher – a Beata Madre Teresa de Calcutá – que deu a última moeda a quem lha pediu, sem ficar com nada para se alimentar, no desamparo da rua.
Vem do Céu este apelo à nossa generosidade incondicional para com o Senhor.
Deus quer o nosso coração todo
Toda a vida nos fala de generosidade: Sem ela, o mundo não pode funcionar com normalidade. Quando uma pessoa faz cuidadosamente os seus cálculos de matemática, antes de se entregar, já não chega a fazê-lo, porque o cristianismo não é uma questão de cálculos, mas de amor sem medida.

A generosidade, virtude humana. Ser generoso não é dar o que sobeja, o que nos estorva em casa ou nos complica a vida. Dadas as condições de muitas habitações dos nossos dias, põe ser uma comodidade libertar-se daquilo que está fora de uso.
A generosidade consiste em dar-se generosamente a Jesus Cristo, presente nos outros. Neste dar-se incluem-se, não apenas os bens materiais, mas o tempo, a paciência, a partilha da alegria, a atenção ao que dela precisa.
Esta virtude é como uma planta que lança raízes na confiança ilimitada no Senhor.
Não apoiamos a nossa esperança nas pessoas, porque nenhuma delas nos pode oferecer qualquer garantia ou recompensa, mesmo que o deseje. Dar com esperança de receber não é generosidade, mas negócio.
Assim procedeu a viúva de Sarepta, a do Templo de Jerusalém e Jesus Cristo na Cruz, inteiramente confiado no Amor do Pai.
A tentação das pessoas, quando o Senhor lhes pede algo, é desculpar-se com a falta de tempo, de disponibilidade ou de qualidades.
Deus vê o nosso interior do coração as nossas disposições, quando realizamos qualquer acto de generosidade.

A nossa generosidade. Podemos começar a nossa reflexão sobre a generosidade para com Deus, particularmente no que se refere à oração e ao cumprimento dos deveres religiosos.
– Reservamos para Ele a melhor ocasião do dia, o melhor ambiente e, possivelmente, até o melhor tempo, ou aquilo que nos sobeja?
Fazemos oração da noite a desoras, quando estamos à espera de que venha o sono (Terço e orações da noite); as orações da manhã a correr, a caminho do trabalho, depois de ter cedido à preguiça um insignificante bocado de tempo
– Ficamos muitas vezes impressionados com a nossa mesquinhez: apesar de o Senhor nos acolher confortavelmente, num ambiente aquecido pelo canto da liturgia, para falarmos verdade, sentimo-nos mal lá dentro e temos um desejo crescente de que «aquilo» acabe quanto antes; demoramos o menos tempo possível e fugimos apressados, e talvez sem nos lembrarmos de balbuciar em nosso interior um muito obrigado pela gentileza e carinho com que o Senhor nos recebeu.
– Por vezes, move-nos apenas uma rotina, um desejo de «desarriscar» aquele dever, um dar ao Senhor o tempo que sobra, de tal modo que, a mínima desculpa nos leva a faltar ou a sair do templo apressadamente e sempre com queixas contra algo que nos desagradou.
– Em contraste com isto, encontramos «viúvas» que se arrastam até à igreja com as maiores dificuldades e manifestam alegria por ainda poderem ir ao templo. Ali permanecem todo o tempo que lhes é possível, rezando sem cessar.
Também não faltam jovens que entregam as suas vidas na vida contemplativa, na actividade missionária e sócio-caritativa.
– As mesmas reticências podem acontecer relativamente aos meios de formação: retiros, recolecções, reuniões de formação, boas leituras, etc. Temos sempre uma desculpa à mão para nos «safarmos» com elegância.
– As mães continuam a ser o grande modelo de generosidade. Nunca pensam em si, mas no marido e nos filhos. Tiram da boca até a alimentação que lhes faz falta, para que ela abunde na boca dos outros.

A família, escola de generosidade. A primeira escola de generosidade é a família. O gesto da viúva de Sarepta foi a melhor lição sobre generosidade para o seu filho.
É no seio da família que aprendemos a ser generosos para com Deus, para com os outros membros da família e para com os de fora que precisam da nossa ajuda.
Os pais devem ensinar os filhos a partilhar o alimento, a roupa e os brinquedos.
Mas eles mesmos devem dar o exemplo de uma grande confiança no Senhor que os leva a aceitar com generosidade os filhos e a sacrificar todo o tempo disponível com eles.
Que lugar ocupam hoje os filhos na família? Antes, numa sociedade de tipo rural, eram considerados uma bênção de Deus, um sinal visível da Sua benevolência. Ao dá-los, o Senhor manifestava um sinal de confiança naquele casal, e ele tinha confiança de que não vinham para a sua consolação, mas para os reconduzirem a Ele, por uma educação esmerada.
Hoje, numa civilização de tipo urbano, corre-se o risco de olhar os filhos como uma consolação para os pais. Estes adiam o seu nascimento, colocando antes muitas outras coisas, limitam o seu número e, como são poucos, os pais servem-nos e carregam-nos de mimos, de tal modo que, não vivendo num ambiente em que têm necessidade de repartir, tornam-se facilmente refinados egoístas.
É preciso não confundir o dar coisas com o dar-se. Só quem se dá merece verdadeiramente o nome de generoso.
As pessoas que vivem em nossa casa ou fora dela, mais do que dinheiro ou coisas materiais, necessitam de atenção de um pouco de tempo, de um sorriso, mesmo quando ele se torna difícil.
O Senhor ama o que dá com alegria
A generosidade enfrenta o egoísmo que nos é tão natural. A criança emerge de um mundo em que só pensa em si mesma.

Deus lê em nosso coração. A viúva do Templo estava longe de imaginar que o olhar de Jesus a seguia, comovido. Qualquer outra pessoa que tivesse visto o quantitativo que lançou na caixa das esmolas poderia ter feito um mau juízo acerca dela, ou pensado que era uma esmola sem interesse.
O Senhor tem outros critérios para medir os nossos gestos: olha ao amor que nos anima e nos leva a ser generosos.
Esta certeza há-de levar-nos a proceder sempre – Antes de depois de dar – com a intenção recta, na doação de coisas ou na ajuda que prestamos. Facilmente se apodera do nosso coração a vaidade, a ostentação que humilha, ou a procura solapada de uma recompensa, mesmo que não passe de um sorriso de agradecimento.
Diante de Deus somos administradores dos nossos bens materiais ou espirituais, e havemos de usá-los de acordo com a Sua vontade.
Os santos, nas suas atitudes de generosidade heróica, não se movem por instinto, mas pela inspiração do Espírito Santo ao Qual procuram ser dóceis. Se não tivermos presente esta verdade. Julgaremos uma loucura o gesto das duas viúvas, de Teresa de Calcutá, dos pais que aceitam, responsável e generosamente uma família numerosa, os jovens que abraçam o celibato por amor do Reino dos Céus, no mundo, na vida missionária ou actividade sócio-caritativa ou na clausura de um convento.

A dificuldade da entrega vocacional. Vivemos num contínuo diálogo com Deus: Ele que nos faz propostas e nós que respondemos.
Experimentamos, a todos os níveis, uma dificuldade de entrega vocacional para toda a vida. São muitos os que passam anos e anos a namorar – Deus sabe em que condições – casam-se e o matrimónio entra em crise ao fim de poucos dias. Outros têm já medo do compromisso matrimonial, vivendo sem qualquer bênção de Deus, em união de facto.
Tudo isto vem sendo preparado desde longe, na escola de famílias cristãs. Como podem florir as vocações sacerdotais, religiosas, missionárias ou de dedicação no mundo, num ambiente assim?
Deus não pede aos jovens – e a todos nós – um fim de semana, alguns anos, ou pequenos serviços. A todos pede a vida inteira, para sempre, sem reforma, vinte e quatro horas por dia e com uma compensação económica que está longe de se enfrentar com qualquer uma das profissões.
O mesmo se pode dizer da vocação matrimonial e de qualquer outra. Deus quer tudo sem qualquer reserva!
Como as duas viúvas da Liturgia da Palavra, não podemos oferecer a Deus o que nos sobeja, mas tudo.
Tanto no casamento, como na vocação sacerdotal, religiosa, missionária ou qualquer outra, não há garantis humanas de êxito e prosperidade. A única segurança para nós é a bondade omnipotente do Senhor… e essa nunca nos faltará!

 A confiança em Deus, nossa fortaleza. Um dos dois que casa, ou ambos, podem, amanhã, transformar-se em pessoas dependentes, ou passar por uma crise que faça sofrer o outro. Abandoná-lo nesta ocasião é uma crueldade e mostra que não se compreendeu o que e a generosidade.
O mesmo acontece em muitas outras circunstâncias da vida. Não é raro haver um casal a quem O Senhor confia um filho deficiente que eles guardam e tratam como um tesouro.
O mesmo se pode dizer de muitas situações matrimoniais, quando os sentidos já não têm uma palavra a dizer e que, não obstante tudo isto, o amor vai crescendo até à entrada no Céu.
A Eucaristia Dominical é a melhor escola de generosidade. Jesus Cristo dá-Se-nos na Palavra e no Pão, depois de nos ter dado a vida no sacrifício da Cruz.
Pede-nos agora o testemunho de uma vida semelhante à Sua, durante a semana, unto daqueles com quem percorremos o nosso caminho para o Céu.
Também de Nossa Senhora recebemos o exemplo duma entrega generosa: primeiro, confiando inteiramente na Palavra do Senhor; depois, oferecendo generosamente o Filho para nosso resgate.
Que Ela nos ensine e ajude a fazer da nossa vida na terra uma canção de generosidade.

Fala o Santo Padre

Queridos irmãos e irmãs!
Nestes dias, que se seguem à comemoração dos fiéis defuntos, celebra-se em muitas paróquias o oitavário dos defuntos. Uma ocasião propícia para recordar na oração os nossos familiares e meditar sobre a realidade da morte, que a chamada «civilização do bem-estar» muitas vezes procura remover da consciência do povo, completamente absorvida pelas preocupações da vida quotidiana. Morrer, na realidade, faz parte do viver, e isto não só no fim, mas, considerando bem, em cada momento. Mas, apesar de todas as distracções a perda de uma pessoa querida leva-nos a redescobrir o «problema», fazendo-nos sentir a morte como uma presença radicalmente hostil e contrária à nossa vocação natural para a vida e para a felicidade.
Jesus revolucionou o sentido da morte. Fê-lo com o seu ensinamento, mas sobretudo enfrentando Ele próprio a morte. «Ao morrer, destruiu a morte», repete a Liturgia no tempo pascal. «Com um Espírito que não podia morrer escreve um Padre da Igreja Cristo matou a morte que matava o homem» (Melitone di Sardi, Sulla Pasqua, 66). O Filho de Deus quis desta forma, partilhar até ao fim a nossa condição humana, para a reabrir à esperança. Em última análise, Ele nasceu para poder morrer, e assim, nos libertar da escravidão da morte. Diz a Carta aos Hebreus: experimentou «a morte em favor de todos» (Hb 2, 9). Desde então, a morte já não é a mesma: foi privada, por assim dizer, do seu «veneno». O amor de Deus, actuante em Jesus, deu de facto um sentido novo a toda a existência do homem, e assim transformou também o morrer. Se em Cristo a vida humana é «passagem deste mundo para o Pai» (Jo 13, 1), a hora da morte é o momento no qual isto se realiza de maneira concreta e definitiva. Quem se compromete a viver como Ele, é libertado pelo receio da morte, que já não mostra o escárnio de uma inimiga mas, como escreve São Francisco no Cântico das criaturas, o rosto amigo de uma «irmã», pela qual se pode também bendizer ao Senhor:
«Louvado sejas, ó meu Senhor, pela nossa irmã morte corporal». Não devemos recear a morte corporal, recorda-nos a fé, quer vivamos, quer morramos, somos do Senhor. E com São Paulo sabemos, mesmo separados do corpo, somos com Cristo, cujo corpo ressuscitado, que recebemos na Eucaristia, é a nossa habitação eterna e indiscutível. A verdadeira morte, que é preciso temer, é a da alma, que o Apocalipse chama «segunda morte» (cf. Ap 20, 14-15; 21, 8). De facto, quem morre em pecado mortal, sem arrependimento, fechado na recusa orgulhosa do amor de Deus, auto-exclui-se do reino da vida.
Por intercessão de Maria Santíssima e de São José, invoquemos do Senhor a graça de nos prepararmos serenamente para partir deste mundo, quando Ele nos quiser chamar, na esperança de poder habitar eternamente com Ele, em companhia dos santos e dos nossos queridos defuntos.

Bento XVI, Angelus, 5 de Novembro de 2006

LITURGIA EUCARÍSTICA


Introdução à Liturgia Eucarística

Devemos à generosidade de Jesus Cristo toda a riqueza da nossa vocação cristã.
Iluminou-nos generosamente com a luz da Sua Palavra e vai preparar agora, pelo ministério do sacerdote, a Santíssima Eucaristia que será o nosso Alimento.
Renovemos a nossa fé no Sacrifício do Calvário, que vai ser aqui renovado misteriosamente.

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS: Olhai, Senhor, com benevolência para o sacrifício que Vos apresentamos, a fim de participarmos com sincera piedade no memorial da paixão do vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

SANTO

Saudação da Paz

A paz na terra nasce centro do coração de cada um de nós, pelo perdão generoso e pelo amor a Cristo presente em cada pessoa.
Obedecendo à Sua Palavra, que nos manda – antes de consumarmos o Sacrifício do altar – reconciliar com todos os que podem estar magoados connosco, exprimamos por um gesto litúrgico humilde a vontade de obedecermos ao Seu mandato.

Saudai-vos na paz de Cristo!

Monição da Comunhão

Deus é magnânimo para com todos nós. Depois de ter oferecido a vida para nosso resgate, dá-Se-nos agora na Santíssima Eucaristia, como Alimento.
Recebamo-l’O com fé e amor, bem conscientes da nossa indignidade, e peçamos-Lhe que nos guarde para a vida eterna.

Sl 22, 1-2
ANTÍFONA DA COMUNHÃO: O Senhor é meu pastor: nada me falta. Leva-me a descansar em verdes prados, conduz-me às águas refrescantes e reconforta a minha alma.
Ou:
Lc 24, 35
Os discípulos reconheceram o Senhor Jesus ao partir o pão.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO: Nós Vos damos graças, Senhor, pelo alimento celeste que recebemos e imploramos da vossa misericórdia que, pela acção do Espírito Santo, perseverem na vossa graça os que receberam a força do alto. Por Nosso Senhor…


RITOS FINAIS


Monição final

Imitemos na vida de todos os dias a generosidade do Senhor para connosco, amando e servindo os nossos irmãos.
Que eles possam ver em nosso comportamento um vislumbre da beleza do rosto do Senhor.

HOMILIAS FERIAIS

32ª SEMANA

2ª Feira, 12-XI: Dedicação da Basílica de S. João Latrão.
Ez 47, 1-2. 8-9. 22 / Jo 2, 13-22
É que, aonde chegar, a água tornará tudo são, e haverá vida em todo o lugar que o rio atingir.
Basílica de S. João de Latrão é chamada a «igreja mãe de todas as igrejas da Urbe e do Orbe». É também um sinal do amor e unidade para com a Cadeira de Pedro.
Esta Festa leva-nos, por um lado, a considerar a abundância de frutos que os sacramentos, rios de água viva (Leit), trazem à nossa alma. Ponhamos toda a devoção em relação àqueles que habitualmente recebemos. Por outro lado, é mais uma oportunidade para estarmos muito unidos ao Papa e às suas intenções, pedindo pela unidade de todos os cristãos.

3ª Feira, 13-XI: A vida e a morte dos justos.
Sab 2, 23- 3, 9 / Lc 17, 7-10
Mas as almas dos justos estão na mão de Deus, e nenhum tormento os há-de atingir.
Muitas pessoas consideram a morte uma desgraça, mas os justos alcançaram já a paz. Aqui na terra sofreram muitas contrariedades, mas Deus experimentou-os e aceitou os seus sacrifícios (Leit).
A sua vida pode resumir-se em poucas palavras: «Somos servos inúteis; só fizemos o que devíamos fazer» (Ev). Se fazemos o que deve ser feito e o fizermos por amor de Deus estamos no bom caminho para a vida eterna.

4ª Feira, 14-XI: As coisas santas devem ser tratadas santamente.
Sab 6, 1-11 / Lc 17, 11-19
Pois os que tiverem santamente guardado as coisas santas serão reconhecidos como santos.
Aqui temos mais um caminho para alcançar o Céu: guardar santamente as coisas santas (Leit). As coisas santas são, em primeiro lugar, os lugares sagrados, tudo o que se refere ao culto, os sacramentos, a Missa, etc. Procuremos tratá-las com mais piedade e devoção. E também com agradecimento, como fez o samaritano ao ficar curado: «Foi a tua fé que te salvou» (Ev).
Também se podem considerar coisas santas os diferentes tipos de oração. Procuremos rezá-las com pausa e atenção, pois são para Deus e temos que lhe oferecer o melhor.

5ª Feira, 15-XI: O reino de Deus no meio de nós.
Sab 7, 22- 8, 1 / Lc 17, 20-25
O reino de Deus não vem de maneira visível, nem se dirá: ‘está aqui ou ali’, pois o reino de Deus já está no meio de vós.
Pedimos no Pai-nosso: Venha a nós o vosso reino. Mas esse reino já está no meio de nos (Ev). O próprio Cristo é o reino de Deus e Ele continua sempre presente nos Sacramentos, na Igreja, e onde estão dois ou três reunidos em seu nome.
A Igreja é também depositária da Sabedoria: «Sendo embora uma só, ela pode tudo e, permanecendo sempre a mesma, tudo renova» (Leit). A salvação e os meios de salvação permanecem sempre e renovarão todos até ao fim dos tempos.

6ª Feira, 16-XI: Conselhos para a alcançar a vida eterna.
Sab 13, 1-9 / Lc 17, 26-37
Quem procurar preservar a vida há-de perdê-la; e quem a perder há-de conservá-la.
Ao falar da sua segunda vinda, Cristo aconselhou-nos um modo de prepará-la: gastar a nossa vida ao serviço de Deus e do próximo para alcançarmos a vida eterna (Ev). Esqueçamo-nos um pouco mais de nós próprios.
Outro conselho é o de não nos deixarmos guiar pelas aparências: «deixam-se levar pelas aparências, porque as coisas criadas são belas» (Leit). Com este modo de proceder, esquecemos o Autor das coisas criadas. Melhoremos a nossa presença de Deus durante o dia.

Sábado, 17-XI: Seja feita a vossa vontade.
Sab 18, 14-16; 19, 6-9 / Lc 18, 1-8
E Deus não havia de fazer justiça aos seus eleitos, que por Ele clamam dia e noite, e iria fazê-los esperar?
Temos que rezar e pedir muitas coisas a Deus com a mesma paciência da viúva da parábola (Ev).
No Pai-nosso pedimos que seja feita a vontade de Deus, para que haja uma grande harmonia em toda a criação: «A vossa palavra omnipotente, Senhor lançou-se dos céus do seu trono real… Toda a criação, obedecendo às vossas ordens, foi de novo conformada na sua maneira de ser, para os vossos filhos ficarem sãos e salvos» (Leit).



Celebração e Homilia:          FERNANDO SILVA
Nota Exegética:                     GERALDO MORUJÃO
Homilias Feriais:                   NUNO ROMÃO
Sugestão Musical:                 DUARTE NUNO ROCHA


Fonte: http://www.presbiteros.com.br/

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