quarta-feira, 23 de março de 2011

FAMÍLIA

A família, primeira e principal transmissora da fé
2007-11-16 05:54:00

- O eterno desígnio de salvar os homens, em e por Cristo, foi revelado e realizado plenamente pelo Verbo Encarnado, especialmente pelo mistério pascal de sua morte, ressurreição, ascensão e envio do Espírito Santo.
Em Cristo, portanto, a revelação do mistério de Deus foi perfeita e definitiva, de maneira que já não haverá nenhuma outra revelação. "Porque em dar-nos, como nos deu, o seu Filho, que é a sua Palavra, e que não tem outra, tudo nos falou de uma vez nesta só Palavra" (São João da Cruz).
Esta revelação foi entregue à Igreja, que é assistida sempre pelo Espírito Santo para levar, de modo verdadeiro e indefectível, a salvação de Deus a todos os homens de todos os tempos e culturas. A Igreja não deixou, nem deixará jamais, de anunciar este mistério, sobretudo pelo ministério do Papa e dos Bispos, como principais responsáveis. Desta responsabilidade participam também todos os fiéis cristãos, em virtude da missão profética que receberam de Cristo no Batismo.
Quando este anúncio é acolhido, provoca a conversão e a fé. Esta sempre é um dom gratuito de Deus, mas requer a resposta e colaboração humana de abertura e acolhida. Ordinariamente, não é possível a fé sem um anúncio explícito dos conteúdos revelados; só em casos excepcionais, Deus infunde a um adulto diretamente a fé sem anúncio prévio de seu mistério. De por si o Evangelho exige primeiro o anúncio explícito do mistério de Deus, e como conseqüência a sua acolhida, a conversão, a profissão de fé e o Batismo.
A família cristã, "Igreja doméstica", de modo privilegiado, participa desta missão. Enquanto a família é fonte de vida, ela é também a primeira e principal responsável pela transmissão do mistério do Deus Salvador aos filhos. Assim, os pais são para seus filhos os autênticos anunciadores de sua fé. Os grandes santos, de modo geral, nasceram no seio de uma família profundamente cristã. É um fato que nos países onde a fé foi perseguida durante muito tempo, esta se conservou e foi transmitida pelo ministério dos pais.
Na transmissão da fé a seus filhos, a família nem é auto-suficiente nem autônoma. Ela precisa estar em íntima relação com a paróquia e a escola, sobretudo se é católica, que freqüentam seus filhos. A catequese vivencial, talvez menos sistemática (na família) tem a necessidade de ser complementada por uma catequese mais sistemática paroquial ou da escola.
Já no início do cristianismo, a família cristã aparece como transmissora da fé. Eram os pais, de quem o Bispo, Pastor da comunidade, acolhia o pedido do Batismo para os filhos. Esta função dos pais era tão importante que, em seguida, a família se tornou o lugar por excelência, onde a Igreja transmitia a fé. Continua assim sendo em muitos países de missão; enquanto em outras nações de grande tradição cristã Europa, Estados Unidos, Canadá etc., a família perdeu com freqüência este papel, com a conseguinte deterioração na fé e prática religiosa.
A recuperação de uma Igreja pujante e evangelizadora passa pela restauração da família como instituição básica para transmitir a fé. Por isso, em ditos países, a família cristã tem hoje um urgente campo de ação, sobretudo para com outras famílias não cristãs ou afastadas da prática religiosa. Os avós, os filhos e outros familiares cristãos estão urgidos a transmitir a fé aos pais e parentes.

Deus Uno e Trino
O Mistério de Deus Uno e Trino se encontra no centro da família cristã. Os pais transmitem aos filhos esta verdade central de sua fé, na medida em que os incorporam à vida da família.
Deus é "Aquele que é" e "Deus é amor". Estes dois nomes estão tão unidos que manifestam a própria essência divina, que ultrapassa toda inteligência criada. Por isso, só Deus pode outorgar-nos um conhecimento reto e pleno de Si mesmo, revelando-se como Pai, Filho e Espírito Santo. Desta vida divina participamos já, pela fé de modo incipiente na terra, e depois, de modo pleno pela visão de Deus, na vida eterna.
Graças à Revelação, podemos professar que Deus Pai em toda a eternidade engendra o Filho, e que o Espírito Santo procede do Pai e do Filho como Amor sempiterno de ambos. As três Pessoas divinas, portanto, são eternas e iguais entre si; assim a vida e a felicidade de Deus são participadas totalmente por cada uma delas. Por isso, sempre é necessário venerar a divina unidade na Trindade e a Trindade na unidade.
Jesus Cristo, o Filho de Deus feito homem, revelou-nos este Mistério, enquanto nos manifestou o plano de Deus, isto é: que todos nós participamos, como filhos da comunhão de amor do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
O próprio Jesus Cristo, quando roga ao Pai que "todos sejam um como nós também somos um" (Jo 17,21-22), nos faz entender uma certa semelhança entre a união misteriosa que une as Pessoas divinas, e a união dos filhos de Deus, unidos na verdade e na caridade. Esta semelhança mostra que o homem não pode encontrar sua própria plenitude se não na entrega de si mesmo aos demais. Esta semelhança com Deus, pela entrega de si mesmo, pela unidade e pelo amor, é a perfeição da família.
O matrimônio, que implica uma entrega total dos esposos entre si e dos pais para com os filhos, é, por isso, um perfeito reflexo da comunhão da Trindade. Assim, a dinâmica da vida em família tem que manifestar esta união íntima entre as Pessoas divinas.
Toda invocação, pois, à Santíssima Trindade em família, tem que levar a todos os seus membros a renovar os laços de comunhão entre si e a uma mais generosa comunicação de seus dons a outras famílias.



BOX:
1- “A recuperação de uma Igreja pujente e evangelizadora passa pela restauração da família como instituição básica para transmitir a fé”.
2- “A semelhança com Deus, pela entrega de si mesmo, pela unidade e pelo amor, é a perfeição da família”.

Revista Shalom Maná - Julho/2006

Fonte: http://www.comshalom.org/formacao/exibir.php?form_id=2299

QUARESMA 2011

PARÓQUIA DE SANTO ANTONIO – CANTOS PARA O TEMPO DA QUARESMA


01. Hino da CF 2011

1. Olha, meu povo, este planeta terra: / Das criaturas todas, a mais linda! / Eu a plasmei com todo amor materno,
Pra ser um berço de aconchego e vida. (Gn 1)

Nossa mãe terra, Senhor, / Geme de dor noite e dia. / Será de parto essa dor? / Ou simplesmente agonia?! / Vai depender só de nós! / Vai depender só de nós!

2. A terra é mãe, é criatura viva; / Também respira, se alimenta e sofre. / É de respeito que ela mais precisa! / Sem teu cuidado ela agoniza e morre.

3. Vê, nesta terra, os teus irmãos. São tantos... / Que a fome mata e a miséria humilha. / Eu sonho ver um mundo mais humano, / Sem tanto lucro e muito mais partilha!

4. Olha as florestas: pulmão verde e forte! / Sente esse ar que te entreguei tão puro... / Agora, gases disseminam morte; / O aquecimento queima o teu futuro.

02. Senhor, eis aqui o teu povo, / que vem implorar teu perdão; / É grande o nosso pecado, / porém é maior o teu coração.

1. Sabendo que acolheste Zaqueu, o cobrador, /e assim lhe devolveste tua paz e teu amor, / também, nos colocamos ao lado dos que vão / buscar no teu altar a graça do perdão.

2. Revendo em Madalena a nossa própria fé, / chorando nossas penas diante dos teus pés, / também, nós desejamos o nosso amor te dar, / porque só muito amor nos pode libertar.

3. Motivos temos nós de sempre confiar, / de erguer a nossa voz, de não desesperar, / olhando aquele gesto que o bom ladrão salvou, / não foi, também, por nós, teu sangue que jorrou?

03. Converter ao Evangelho, / Na palavra acreditar, (Mc 1,15) / Caridade e penitência, / Quem as cinzas abraçar. / Não esqueças: somos pó / e ao pó vamos voltar.:/Gn 3, 19

2. Não as vestes, mas o peito / O Senhor manda rasgar. / "Jejuai, mudai de vida... / Em sua face a chorar." (Jl 2, 12-13) / /:Não esqueças: somos pó / E ao pó vamos voltar.:/ (Gn 3, 19)

3. Quão bondoso é nosso Deus, / Inclinado a perdoar. / Quem dos males se arrepende, / Compaixão vai encontrar. / /:Não esqueças: somos pó / E ao pó vamos voltar.:/

4. Chora e diz o sacerdote / Entre a porta e o altar: (Jl 2,17) / "Pela vida do meu povo / Vão meus lábios suplicar." / /:Não esqueças: somos pó / E ao pó vamos voltar.:/

5. Convertei-vos, povo meu, / Do Senhor vamos lembrar. (Br 3,2) / Eis o tempo prometido, / As ovelhas vem salvar. (Jo 10,27-30) / :Não esqueças: somos pó / E ao pó vamos voltar.:/

04. Fala assim meu coração: / "Vou buscar a tua face!" /:Senhor, o teu semblante / não me escondas, não!:/

1. És, Senhor, o meu abrigo, / Segurança e proteção, / Tenho os olhos em ti fixos, / Minha rocha e salvação. / Vê meu coração contrito, / Vem, me guie a tua mão.

2. Da maldade, vem, me livra, / Tira-me da perdição. / Teu semblante é minha luz, / É farol na escuridão. / Em teu coração encontro / Só bondade e compaixão.

3. A ti peço uma só coisa: / Em tua casa habitar / Cada dia de minha vida, / E o teu amor provar! / Cantarei, então, pra sempre / Ó meu Deus, o teu louvor! /

05. Lembra, Senhor o teu amor fiel para sempre! / Que os inimigos não triunfem sobre o povo! / De suas angústias, ó Senhor, livra tua gente!

1. Senhor, meu Deus, a ti elevo a minha alma, / Em ti confio: que eu não seja envergonhado. / Não se envergonhe quem em ti põe sua esperança, / Mas, sim, quem nega por um nada sua fé!

2. Mostra-me, Senhor os teus caminhos, / E faz-me conhecer a tua estrada! / Tua verdade me orienta e me conduza, / Porque és o Deus da minha salvação!

3. Recorda, Senhor meu Deus tua ternura / E a tua compaixão que são eternas. / Não recordes meus pecados quando jovem, / Nem te lembres de minhas faltas e delitos.

4. O Senhor é piedade e retidão, / E reconduz ao bom caminho os pecadores. / Ele dirige os humildes na justiça, / E aos pobres ele ensina o seu caminho.

5. Verdade e amor são os caminhos do Senhor / Para quem segue sua aliança e seus preceitos. / Ó Senhor, por teu nome e tua honra, / Perdoa os meus pecados que são tantos. /

06. Misericórdia, Senhor, misericórdia!

Senhor, escuta o lamento / E tem de nós compaixão. / Ao povo dá novo alento, / A tua graça e perdão.


07. Salmo Responsorial (1º Domingo) Piedade, ó Senhor, tende piedade, Pois pecamos contra vós! - Salmo 51(50)

Tende piedade, ó meu Deus, misericórdia! / Na imensidão do vosso amor, purificai-me! / Do meu pecado, todo inteiro, me lavai / E apagai completamente a minha culpa!

(2º Domingo) Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça. / Venha a vossa salvação! - Salmo 33(32)

(3º Domingo) Não fecheis, irmãos, o vosso coração, / Como outrora no deserto! - Salmo 95(94)

(4º Domingo) O Senhor é o pastor que me conduz: / Não me falta coisa alguma. - Salmo 23(22)

(5º Domingo) No Senhor é que se encontra o perdão, / Copiosa redenção. - Salmo 130(129)

(Ramos) Ó meu Deus e Pai, por que me abandonastes, / Clamo a vós e não me ouvis? - Salmo 22(21)

08. Glória e louvor a vós, / ó Cristo!

O homem não vive somente de pão, / mas de toda a palavra da boca Deus!

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09. (Ofert) Volta o teu olhar Senhor, e dá-nos teu perdão. / Bendito seja teu imenso coração!:/

1. Aceita, ó Deus Santo, a nossa oração. / Compadecido, olha para nós, Senhor. / Liberta nossas vida, te suplicamos / e andaremos para sempre em teus caminhos.

2. Acolhe, Deus bondoso, a nossa caminhada, / revivendo o teu amor pra sempre. / Confiantes aguardamos o teu perdão / e do mal seremos nós purificados.

3. Aceita o jejum e a nossa penitência / que revivemos neste tempo quaresmal. / Confirma-nos em teu amor grandioso, / Bendito sejas, Senhor Deus do universo!

10. (Ofert) Eis o tempo de conversão, /Eis o dia da salvação: / Ao Pai voltemos, juntos andemos. / Eis o tempo de conversão!

1a.Os caminhos do Senhor são verdade, são amor: / Dirigi os passos meus: em vós espero, Ó Senhor! / b. Ele guia ao bom caminho / quem errou e quer voltar: / Ele é bom, fiel e justo: / Ele busca e vem salvar. (Sl. 25)

2a. Viverei com o Senhor: / Ele é o meu sustento. / Eu confio, mesmo quando / Minha dor não mais aguento. / b.Tem valor aos olhos seus / meu sofrer e meu morrer: / libertai o vosso servo / e fazei-o reviver! (Sl. 116)

3a.A Palavra do Senhor / é a luz do meu caminho; / Ela é vida, é alegria: / Vou guardá-la com carinho. / b. Sua lei, seu mandamento / é viver a caridade: / Caminhemos todos juntos, / Construindo a unidade! (Sl. 119)

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11. (Com) Nós vivemos de toda a palavra / Que procede da boca de Deus: /:A palavra de vida e verdade / Que sacia a humanidade.:/

1. Impelidos ao deserto / Retomamos a estrada / Que conduz ao paraíso, / Nossa vida e morada.

2. As prisões da humanidade / Assumidas pelo Cristo / São lugares de vitória, / Ele veio para isto!

3. O Senhor nos deu exemplo / Ao vencer a noite escura: / Superou a dor do mundo, / Renovando as criaturas.

4. Progredimos neste tempo / Conhecendo o Messias. / Ele veio para todos, / alegrando nossos dias.

5. Celebramos a memória / Do amor que ao mundo veio. / Junto dele venceremos / O inimigo verdadeiro.

6. Contemplamos nossa terra / Em mistério fecundada. / Flor e fruto são promessas / Ao findar a madrugada.

12. (Com) “Este é meu filho muito amado: /Escutai-o todos vós!” / Então o vosso coração se alegrará, / e sem vossos olhos brilhará a sua luz!

1. A beleza da glória celeste / Que a Igreja esperando procura, / Cristo a mostra no alto do monte, / Onde mais que o sol claro fulgura.

2. Este fato é nos tempos notável: / Ante Pedro, Tiago e João, / Cristo fala a Moisés e a Elias / Sobre a sua futura Paixão.

3. Testemunhas da lei, dos profetas / E da graça estando presentes, / Sobre o Filho, Deus Pai testemunha, /Vindo a voz duma nuvem luzente.

4. Com a face brilhante de glória, / Cristo hoje mostrou no Tabor / O que Deus tem no céu preparado / Aos que o seguem, vivendo no amor.

5. Da sagrada visão o mistério / Ergue aos céus o fiel coração. / E, por isso, exultante de gozo, / Sobe a Deus nossa ardente oração.

6. Pai e Filho, e Espírito Amor, / Um só Deus, vida e paz, Sumo Bem, / Concedei-nos por vossa presença / Esta glória no Reino. Amém!

13. Reconciliai-vos com Deus! / Em nome de Cristo rogamos, / Que não recebais em vão / Sua graça, seu perdão; / Eis o tempo favorável, / O dia da salvação!

1. Quem tem sede venha à fonte, / Quem tem fome, venha à mesa, / Vinho, trigo, leite e mel / Comereis, manjar do céu! / Vinde, vinde, e se me ouvirdes, / Vida nova vivereis, / Aliança nós faremos, / Minhas promessas cumprirei!

2. Um sinal de vós farei, / Das nações sereis o guia, / Chamareis os que estão longe / E virão todos um dia. / Ao Senhor vinde e buscai, / Pois se deixa encontrar, / Ao senhor vinde, invocai, / Pois tão perto ele está!

3. O mau, deixe sua maldade, / Pecador, deixe seus planos, / Ao senhor volte e verá / O perdão de seus enganos / Meu pensar não é o vosso, / Vosso agir não é o meu, / Tão distantes um do outro, / Quanto a terra está do céu!

4. Como a chuva cai do céu / E não volta sem molhar, / Sem encher de vida o chão, / Sem nos dar o trigo e o pão. / Assim faz minha palavra, / Nunca volta a mim em vão, / Sem fazer minha vontade, / Sem cumprir sua missão!

5. Partireis com alegria / E em paz caminhareis, / Pelos montes, pelos bosques / Aclamados passareis... / Os espinhos do facheiro / Galhos de paudarco em flor, / O sertão verde canteiro, / Glória eterna ao Senhor!

14. Se conhecesses o dom de Deus, / Quem é que te diz: dá-me de beber, / És tu que lhe pedirias e ele te daria / D'água viva, sempre a correr!

Senhor, dá-me de beber, / Vem e me sacia, / Em tua fonte viva! / Senhor, dá-me de beber, / Vem e me sacia, / Nesta santa eucaristia!

2. Quem crê em mim, dentro de si, terá, / Meu espírito santo, fonte a jorrar, / Um rio de água viva, capaz de saciar, / A sua sede, sede de Deus!

15. Dizei Aos Cativos: Saí! / Aos que estão nas trevas: "vinde à luz!" / Caminhemos para as fontes, / É o senhor quem nos conduz! (bis)

1. Foi no tempo favorável / Que eu te ouvi, te escutei, / No dia da salvação / Socorri-te e ajudei. / E assim te guardarei, / Te farei mediador / D'aliança com o povo, / Será seu libertador!

2. Não terão mais fome e sede, / Nem o sol os queimará, / O senhor se compadece, / Qual pastor os guiará... / Pelos montes, pelos vales / Passarão minhas estradas, / E virão de toda parte / E encontrarão pousada.

3. Céus e terra, alegrai-vos, / Animai-vos e cantai; / O senhor nos consolou, / Dos aflitos se lembrou! / Poderia uma mulher / De seu filho se esquecer? / Inda que isso acontecesse, / Nunca iria te perder! /

“Convertei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1,15).

“Lembra-te que é pó e, ao pó hás de voltar (cf. Gn 3,19)

QUARESMA

Como viver o tempo da Quaresma?

Crie em sua casa ou no seu quarto um ambiente convidativo à oração

A Quaresma é um tempo de graça, um verdadeiro Kairós, tempo da manifestação de Deus. Este tempo tem como característica duas realidades muito importantes: 1. Olhar para Jesus; 2. Conversão.

Neste tempo, somos levados pela Igreja a seguir Jesus em seus últimos momentos de vida para – junto com Ele – aprendermos o que é o amor e a misericórdia. Por diversas vezes, o Senhor vai se revelando como o rosto misericordioso do Pai, assumindo até as últimas conseqüências a vontade do Pai, que é salvar a cada filho. É um caminho de “subida”, não só para Jerusalém, mas até o mais alto grau do amor que se concretiza na cruz.

Jesus, muitas vezes, vai anunciar sua Paixão dizendo que o Filho do Homem deve sofrer muito, ser rejeitado e morto, mas no terceiro dia ressuscitará. Vemos nesses anúncios também o desejo do Senhor de se entregar. Está aí a sua disposição em dar até a própria vida em nosso resgate. Ele não somente falou a respeito do amor que se revela ao dar a vida pelos amigos, mas o fez em sua própria vida. Assim, tornou-se o exemplo mais sublime que devemos seguir para realmente sermos felizes.

Quaresma é também conversão, revisão de vida e mudança de atitude. Tudo concorre para isso nesse período: a liturgia, os cânticos, as orações. É tempo de olhar para tudo o que temos vivido e como temos vivido: nossos relacionamentos em casa, no trabalho, na escola, nosso relacionamento com Deus. Será que Ele tem sido o nosso tudo? Nossa relação com Ele é de confiança, de intimidade e amor?

Quaresma é tempo do perdão. O profeta Isaías nos diz no capítulo 30, 18: “Em vista disso, o Senhor espera a hora de vos perdoar. Ele toma a iniciativa de mostrar-vos compaixão, pois o Senhor é um Deus justo – felizes os que nele esperam”.

É um tempo de grande graça. É o Senhor quem toma a iniciativa de nos mostrar compaixão. Em nossas paróquias, além do tempo normal de confissões, temos os mutirões de confissão, celebrações penitenciais. Tudo se torna propício para nossa conversão. Por isso, não podemos perder tempo.

Algumas atitudes nossas podem nos ajudar a mergulhar fundo nessa graça. Por exemplo:

- Aproveite esse tempo para silenciar um pouco, criar um clima de interioridade, evitando músicas muito altas em casa, no quarto; valorizando as que nos levam a uma maior reflexão e oração.

- Separe um tempo do dia para a oração pessoal. Crie em sua casa ou no seu quarto um pequeno altar, ali coloque um crucifixo, uma vela, a Bíblia aberta, para que o ambiente seja convidativo à oração.

- Nas sextas-feiras, se for possível, medite as estações da Via-Sacra. Isso o ajudará a mergulhar no mistério da Paixão do Senhor.

- Durante o tempo quaresmal se proponha a também fazer obras de misericórdia. Por exemplo: visitar um doente, visitar um asilo, levar alguma ajuda concreta a uma família mais carente, como roupas que você já não esteja usando ou alimentos. Tudo isso gerará em seu coração um sentimento de alegria por poder fazer algo de bom a alguém.

- Quaresma é tempo de perdoar e de pedir perdão. Se você tem alguém, a quem precisa perdoar, peça a Deus a graça de conceder esse perdão e se foi você que feriu esse alguém, dê o passo em direção à pessoa e peça perdão. É tempo de reconstruir as pontes de reconciliação.

- A confissão é fundamental nesse tempo, não deixe para a última hora, procure o sacerdote no decorrer da Quaresma para que, auxiliado pela graça desse sacramento, você colha todos os frutos deste tempo.

A Quaresma é entendida como um grande retiro, um retiro de 40 dias, no qual nos voltamos de coração sincero para o Senhor e d’Ele recebemos uma nova vida. Já há alguns anos, nós da Canção Nova temos feito essa experiência por meio do retiro popular de Dom Alberto. Ele nos tem possibilitado viver esse tempo de maneira intensa e profunda. Esse é mais um modo de se viver bem esse período.

O importante é que eu e você tomemos consciência de tudo o que o Senhor deseja realizar em nossas vidas e nos esforcemos para não deixar a graça passar.

Padre Clovis
cloviscn@gmail.com


O Tempo da Quaresma

O que quer dizer Quaresma?

A palavra Quaresma vem do latim quadragésima e é utilizada para designar o período de quarenta dias que antecedem a festa ápice do cristianismo: a ressurreição de Jesus Cristo, comemorada no famoso Domingo de Páscoa. Esta prática data desde o século IV.

Na quaresma, que começa na quarta-feira de cinzas e termina na quinta-feira (até a Missa da Ceia do Senhor, exclusive - Diretório da Liturgia - CNBB) da Semana Santa, os católicos realizam a preparação para a Páscoa. O período é reservado para a reflexão, a conversão espiritual. Ou seja, o católico deve se aproximar de Deus visando o crescimento espiritual. Os fiéis são convidados a fazerem uma comparação entre suas vidas e a mensagem cristã expressa nos Evangelhos. Esta comparação significa um recomeço, um renascimento para as questões espirituais e de crescimento pessoal. O cristão deve intensificar a prática dos princípios essenciais de sua fé com o objetivo de ser uma pessoa melhor e proporcionar o bem para os demais.

Essencialmente, o período é um retiro espiritual voltado à reflexão, onde os cristãos se recolhem em oração e penitência para preparar o espírito para a acolhida do Cristo Vivo, Ressuscitado no Domingo de Páscoa. Assim, retomando questões espirituais, simbolicamente o cristão está renascendo, como Cristo. Todas as religiões têm períodos voltados à reflexão, eles fazem parte da disciplina religiosa. Cada doutrina religiosa tem seu calendário específico para seguir. A cor litúrgica deste tempo é o roxo, que significa luto e penitência.

Cerca de duzentos anos após o nascimento de Cristo, os cristãos começaram a preparar a festa da Páscoa com três dias de oração, meditação e jejum. Por volta do ano 350 d. C., a Igreja aumentou o tempo de preparação para quarenta dias. Assim surgiu a Quaresma.

Qual o significado destes 40 dias?

Na Bíblia, o número quatro simboliza o universo material. Os zeros que o seguem significam o tempo de nossa vida na terra, suas provações e dificuldades. Portanto, a duração da Quaresma está baseada no símbolo deste número na Bíblia. Nela, é relatada as passagens dos quarenta dias do dilúvio, dos quarenta anos de peregrinação do povo judeu pelo deserto, dos quarenta dias de Moisés e de Elias na montanha, dos quarenta dias que Jesus passou no deserto antes de começar sua vida pública, dos 400 anos que durou a estada dos judeus no Egito, entre outras. Esses períodos vêm sempre antes de fatos importantes e se relacionam com a necessidade de ir criando um clima adequado e dirigindo o coração para algo que vai acontecer.

O que os cristãos devem fazer no tempo de Quaresma?

A Igreja católica propõe, por meio do Evangelho proclamado na quarta-feira de cinzas, três grandes linhas de ação: a oração, a penitência e a caridade. Não somente durante a Quaresma, mas em todos os dias de sua vida, o cristão deve buscar o Reino de Deus, ou seja, lutar para que exista justiça, a paz e o amor em toda a humanidade. Os cristãos devem então recolher-se para a reflexão para se aproximar de Deus. Esta busca inclui a oração, a penitência e a caridade, esta última como uma conseqüência da penitência.

Ainda é costume jejuar durante este tempo?

Sim, ainda é costume jejuar na Quaresma, ainda que ele seja válido em qualquer época do ano. A igreja propõe o jejum principalmente como forma de sacrifício, mas também como uma maneira de educar-se, de ir percebendo que, o que o ser humano mais necessita é de Deus. Desta forma se justifica as demais abstinências, elas têm a mesma função.

Oficialmente, o jejum deve ser feito pelos cristãos batizados, na quarta-feira de cinzas e na sexta-feira santa. Pela lei da igreja, o jejum é obrigatório nesses dois dias para pessoas entre 18 e 60 anos. Porém, podem ser substituídos por outros dias na medida da necessidade individual de cada fiel, e também praticados por crianças e idosos de acordo com suas disponibilidades.

O jejum, assim como todas as penitências, é visto pela igreja como uma forma de educação no sentido de se privar de algo e reverte-lo em serviços de amor, em práticas de caridade. Os sacrifícios, que podem ser escolhidos livremente, por exemplo: um jovem deixa de mascar chicletes por um mês, e o valor que gastaria nos doces é usado para o bem de alguém necessitado.

O que é a Campanha da Fraternidade?

O percurso da Quaresma é acompanhado pela realização da Campanha da Fraternidade – a maior campanha da solidariedade do mundo cristão. Cada ano é contemplado um tema urgente e necessário.

A Campanha da Fraternidade é uma atividade ampla de evangelização que ajuda os cristãos e as pessoas de boa vontade a concretizarem, na prática, a transformação da sociedade a partir de um problema específico, que exige a participação de todos na sua solução. Ela tornou-se tão especial por provocar a renovação da vida da igreja e ao mesmo tempo resolver problemas reais.

Seus objetivos permanentes são: despertar o espírito comunitário e cristão no povo de Deus, comprometendo, em particular, os cristãos na busca do bem comum; educar para a vida em fraternidade, a partir da justiça e do amor: exigência central do Evangelho. Renovar a consciência da responsabilidade de todos na promoção humana, em vista de uma sociedade justa e solidária.

Os temas escolhidos são sempre aspectos da realidade sócio-econômico-política do país, marcada pela injustiça, pela exclusão, por índices sempre mais altos de miséria. Os problemas que a Campanha visa ajudar a resolver, se encontram com a fraternidade ferida, e a fé, tem o compromisso de restabelecê-la. A partir do início dos encontros nacionais sobre a CF, em 1971, a escolha de seus temas vem tendo sempre mais ampla participação dos 16 Regionais da CNBB que recolhem sugestões das Dioceses e estas das paróquias e comunidades.

Como começou a Campanha da Fraternidade?

Em 1961, três padres responsáveis pela Cáritas Brasileira idealizaram uma campanha para arrecadar fundos para as atividades assistenciais e promocionais da instituição e torná-la autônoma financeiramente. A atividade foi chamada Campanha da Fraternidade e realizada pela primeira vez na quaresma de 1962, em Natal-RN, com adesão de outras três Dioceses e apoio financeiro dos Bispos norte-americanos. No ano seguinte, 16 Dioceses do Nordeste realizaram a campanha. Não teve êxito financeiro, mas foi o embrião de um projeto anual dos Organismos Nacionais da CNBB e das Igrejas Particulares no Brasil, realizado à luz e na perspectiva das Diretrizes Gerais da Ação Pastoral (Evangelizadora) da Igreja em nosso País.

Este projeto se tornou nacional no dia 26 de dezembro de 1963, com uma resolução do Concílio Vaticano II, a maior e mais importante reunião da igreja católica. O projeto realizou-se pela primeira vez na quaresma de 1964. Ao longo de quatro anos seguidos, por um período extenso em cada um, os Bispos ficaram hospedados na mesma casa, em Roma, participando das sessões do Concílio e de diversos momentos de reunião, estudo, troca de experiências. Nesse contexto, nasceu e cresceu a Campanha da Fraternidade.

Qual é a relação entre Campanha da Fraternidade e a Quaresma?

A Campanha da Fraternidade é um instrumento para desenvolver o espírito quaresmal de conversão e renovação interior a partir da realização da ação comunitária, que para os católicos, é a verdadeira penitência que Deus quer em preparação da Páscoa. Ela ajuda na tarefa de colocar em prática a caridade e ajuda ao próximo. É um modo criativo de concretizar o exercício pastoral de conjunto, visando a transformação das injustiças sociais.

Desta forma, a Campanha da Fraternidade é maneira que a Igreja no Brasil celebra a quaresma em preparação à Páscoa. Ela dá ao tempo quaresmal uma dimensão histórica, humana, encarnada e principalmente comprometida com as questões específicas de nosso povo, como atividade essencial ligada à Páscoa do Senhor.

Quais são os rituais e tradições associados com este tempo?

As celebrações têm início no Domingo de Ramos, ele significa a entrada triunfal de Jesus, o começo da Semana Santa. Os ramos simbolizam a vida do Senhor, ou seja, Domingo de Ramos é entrar na Semana Santa para relembrar aquele momento.

Depois, celebra-se a Ceia do Senhor, realizada na quinta-feira santa, conhecida também como o lava pés. Ela celebra Jesus criando a eucaristia, a entrega de Jesus e portanto, o resgate dos pecadores.

Depois, vem a celebração da Sexta-feira da Paixão, também conhecida como sexta-feira santa, que celebra a morte do Senhor, às 15 horas. Na sexta à noite geralmente é feita uma procissão ou ainda a Via Sacra, que seria a repetição das 14 passagens da vida de Jesus.

No sábado à noite, o Sábado de Aleluia, é celebrada a Vigília Pascal, também conhecida como a Missa do Fogo. Nela o Círio Pascal é acesso, resultando as cinzas. O significado das cinzas é que do pó viemos e para o pó voltaremos, sinal de conversão e de que nada somos sem Deus. Um símbolo da renovação de um ciclo. Os rituais se encerram no domingo, data da ressurreição de Cristo, com a Missa da Páscoa, que celebra o Cristo vivo.

Fonte: CNBB - Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
Arquidiocese de São Paulo - Vicariato da Comunicação


O que é a Quaresma?

“Senhor, como queres que preparemos a Páscoa?” (Cf. Mt 26, 17)

1. O que é a Quaresma

Nós cristãos celebramos todo ano a festa da Páscoa: a morte e a ressurreição de Jesus e tamém a nossa. É a maior de todas as festas. A mais importante... Grande demais para ser preparada em apenas três dias ou uma semana. Por isso, estendemos a sua preparação para quarenta dias. Daí Quaresma, período de quarenta dias, que vai da quarta-feira de cinzas até a quinta-feira santa pela manhã.

Os textos litúrgicos que rezamos durante o tempo da Quaresma são belíssimos e nos conduzem ao verdadeiro espírito deste “tempo favorável”. Poderia citar muitos mas o espaço do artigo não me permite. Cito portanto apenas o Prefácio da Quaresma V (Missal Romano, pág. 418) como síntese de toda esta riqueza:

“Na verdade, é justo e necessário, é nosso dever e salvação louvar-vos, Pai santo, rico em misericórdia, e bendizer vosso nome, enquanto caminhamos para a Páscoa, seguindo as pegadas de Jesus Cristo, vosso Filho e Senhor nosso, mestre e modelo da humanidade, reconciliada e pacificada no amor.

Vós reabris para a Igreja, durante a Quaresma, a estrada do Êxodo, para que ela, aos pés da montanha sagrada, humildemente toma consciência de sua vocação de povo da aliança. E, celebrando vossos louvores, escute vossa Palavra e experimente os vossos prodígios.

Por isso, olhando com alegria esses sinais de salvação, unidos aos anjos e aos santos, entoamos o vosso louvor, cantando a uma só voz:”

Podemos encontrar neste Prefácio todos os elementos que caracterizam não só a liturgia deste Tempo, mas especialmente a sua teologia, a sua espiritualidade e a sua pastoral. Voltamo-nos para Deus, “Pai Santo, rico em misericórdia”; relembramos a grande experiência do Êxodo, da Aliança, da libertação e da nova terra; assumimos nossa atitude de povo peregrino, ouvintes da Palavra, povo amado e escolhido por Deus; nosso modelo é Cristo, cuja morte e ressurreição celebramos de forma mais intensa neste tempo. Enfim, a Quaresma é um “sinal de salvação” ou, numa expressão usada num artigo de Dom Manoel João Francisco, “sacramento anual de reconciliação”.

É indispensável que recuperamos também a Quaresma como o tempo ideal de fazer a preparação final dos catecúmenos que serão batizados, confirmados e receberão a Eucaristia na Vigília Pascal. O Ritual da Iniciação Cristã dos Adultos (RICA) lembra que “o tempo da purificação e iluminação dos catecúmenos é normalmente a Quaresma. De fato, na liturgia e na catequese, pela comemoração ou preparação do Batismo e pela penitência, a Quaresma renova a comunidade dos fiéis juntamente com os catecúmenos e os dispõe para a celebração do mistério pascal, ao qual os sacramentos de iniciação associam cada um” (Introdução do RICA, n. 21).

2. Simbolos, ritos, gestos quaresmais

São vários os símbolos, as atitudes e iniciativas humanas e religiosas que acompanham e enriquecem o tempo da Quaresma, no qual, como em toda preparação, já saboreamos de certa maneira a festa da Páscoa que virá. Por exemplo:

· A cor roxa, as cinzas e a cruz lembram o caráter de penitência e conversão próprio deste tempo. Isto se manifesta também no visual do espaço celebrativo, sóbrio, despojado.

· O jejum nos orienta a dar mais atenção à Palavra de Deus. A fome que sentimos (quando fazemos jejum) pode simbolizar e evocar a fome que temos da Palavra de Deus. É tempo forte, portanto, de escuta da Palavra, pois através dela vamos conhecer os desejos de Deus e praticar a sua vontade.

· Ajudados pela Campanha da Fraternidade, intensificamos a prática da caridade, procurando corrigir e aperfeiçoar, à luz da Palavra de Deus, nosso jeito como tratamos as pessoas e com elas nos relacionamos, sobretudo os mais pobres e sofredores, e como procuramos ajudá-los a viver com dignidade. Nesta ano de 2011, temos uma motivação ainda maior por ser uma Campanha da Fraternidade voltada para o Meio Ambiente, tão maltratado pela ação humana.

· Nesse tempo forte da vida da Igreja intensificamos nossa vida de oração, na forma de súplicas, pedidos de perdão, intercessão, agradecimento, compromissos de fé, melhor participação na comunidade etc. É um tempo próprio para, nas comunidades, a gente participar de alguma celebração penitencial (individual ou comunitária). Sobre estas três atitudes – jejum, esmola e oração – os Santos Padres fazem muitas referências. Recordemos algumas: “O que a oração pede, o jejum alcança e a misericórdia recebe. Oração, misericórdia, jejum: três coisas que são uma só e se vivificam reciprocamente” (São Pedro Crisólogo). “Não tem mérito nenhum negar alimento ao corpo se no coração não se renuncia à injustiça e se a língua não se abstém da calúnia” (São Leão Magno). “A esmola só será autêntica se à ajuda material estiver unido o perdão das ofensas” (Santo Agostinho).

· Podemos expressar nossa vontade de participar da caminhada sofrida de Jesus (vítima da violência, de ontem e de hoje), participando de procissões (de ramos, do encontro, do Senhor morto etc.), Via-Sacras, círculos bíblicos etc.

· Expressamos o “clima” próprio deste tempo forte da vida da Igreja também através da música e do canto. Há uma música própria e cantos que caracterizam este tempo, além do hino da CF . O Hinário 2 da CNBB apresenta também um bom repertório de músicas litúrgicas quaresmais. Na introdução do Hinário 2 lemos: “Cantar a Quaresma é, antes de tudo, cantar a dor que se sente pelo pecado do mundo, que, em todos os tempos e de tantas maneiras, crucifica os filhos de Deus e prolonga, assim, a Paixão de Cristo. O canto da quaresma nos inspira e anima a assumir, com mais garra do que nunca, a Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo. (...) Pela participação em seus sofrimentos, isto é, ‘obedientes ao Pai e comprometidos com os irmãos até o fim’ (cf. Jo 13,1), ‘cheguemos à glória da sua ressurreição’ (cf. Fl 3, 10-11)”. Para ajudar nesta vivência, é aconselhável também que se evite na Quaresma o toque de instrumentos musicais. Também não cantamos o “glória” e o “aleluia”.

3. Lembretes práticos para as equipes de liturgia e de celebração

· O espaço litúrgico, despojado, sóbrio e “vazio” nos ajuda a esvaziar o coração para preenchê-lo com a Palavra, que é luz para nossos passos e que nos converte.

· Momentos de silêncio, principalmente entre as leituras e após a homilia, são importantes.

· Um sinal permanente no espaço litúrgico, como um tecido roxo em forma de faixa na mesa da Palavra ou como detalhe na mesa eucarística (sem “tampar” ou esconder o altar), ajudará na experiência quaresmal. Não colocar o cartaz da CF em frente ao altar ou ambão, mas num outro local, de preferência na entrada da igreja, bem visível para a comunidade.

· A cruz, pela qual fomos marcados no Batismo, deve ser destacada. Ela lembra que somos discípulos e discípulas de Jesus, que superou o fracasso humano da cruz com um amor que vence a morte.

· A comunidade pode fazer maior experiência da misericórdia de Deus através do sacramento da Reconciliação, de celebrações penitenciais e também de retiros.

4. Semana Santa e Tríduo Pascal: a conclusão da quaresma

Existe um jeito, um lugar, um momento muito especial no qual aprenderemos a “viver a semana santa”. É o que nos aponta o saudoso Papa Paulo VI: “Se há uma liturgia que deveria encontrar-nos todos juntos, atentos, solícitos e unidos para uma participação plena, digna, piedosa e amorosa, esta é a liturgia da grande semana. Por um motivo claro e profundo: o Mistério Pascal, que encontra na Semana Santa a sua mais alta e comovida celebração, não é simplesmente um momento do Ano Litúrgico: ele é a fonte de todas as outras celebrações do próprio Ano Litúrgico, porque todas se referem ao mistério da nossa redenção, isto é, ao Mistério Pascal”.

“Viver a semana santa” significa fazermos memória destas ações maravilhosas de Deus. Mais, saber que estamos “re-vivendo” todos estes fatos. “De geração em geração, cada um de nós é obrigado a ver-se a si próprio, com os olhos penetrantes da fé, como tendo ele mesmo estado lá no Calvário, na primeira sexta-feira santa, e diante do sepulcro vazio, na manhã da ressurreição. Hoje, todos nós, aqui reunidos para celebrar a eucaristia, estávamos lá, prontos a morrer na morte de Cristo e a ressuscitar em sua ressurreição. Será exatamente nossa comunhão com o corpo sacramental do verdadeiro Cordeiro que nos tornará realmente presentes àquele eterno presente.”

Pe. Carlos Gustavo Haas


Notas

1. Cf. Frei José Ariovaldo da Silva, O tempo da Quaresma, Liturgia em Mutirão, Edições CNBB, pág. 38-40.
2. Está publicado pela Paulus um CD com todos os cantos próprios da Quaresma e da CF para a missa de cada domingo da Quaresma deste ano.
3. Cf. Ir. Veronice Fernandes, A liturgia do tempo da quaresma, Liturgia em Mutirão II, Edições CNBB, pág. 99.
4. Sugerimos o DVD Reconciliai-vos, produzido pela CNBB e Verbo Filmes, como roteiro para estudo e aprofundamento do sacramento da Penitência e Reconciliação e das celebrações penitenciais.
5. Sugiro ainda a leitura do importante artigo de Pe. Domingos Ormonde e Ir. Penha Carpanedo que está publicado na Revista de Liturgia, janeiro/fevereiro 2010, pág. 15 a 22.
6. Césare Giraudo, Redescobrindo a Eucaristia. São Paulo, Loyola, 2002, p. 83