quinta-feira, 22 de novembro de 2012

ENTREVISTA COM O PRÊMIO NOVAK 2012 SOBRE BENTO XVI



ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE O PENSAMENTO DE BENTO XVI


Entrevista com Giovanni Patriarca em ocasião do Prêmio Novak do Instituto Acton

Stefanie De Angelo
ROMA, quinta - feira, 22 de novembro, 2012 (ZENIT.org) - O Instituto Acton entregou o prêmio Novak de 2012 a Giovanni Patriarca. O prêmio em homenagem ao sociólogo e teólogo americano Michael Novak é destinado a novas pesquisas acadêmicas realizadas por alunos no início de suas carreiras acadêmicas que demonstram mérito intelectual de destaque no avanço da compreensão da relação entre a teologia e a dignidade humana, a importância de um governo limitado, a liberdade religiosa e a liberdade econômica.
Os candidatos ao Prêmio Novak apresentam publicamente um relatório sobre essas questões em uma conferência chamada Calihan Lecture. Ao vencedor o prêmio de 10.000 dólares.
O Prêmio Novak faz parte de uma série de bolsas de estudo, de viagens e prêmios disponibilizados pela Acton Institute que sustentam futuros líderes religiosos e intelectuais que desejam estudar a ligação essencial entre a teologia, os mercados livres, a liberdade econômica e a importância do Estado de Direito.
Maiores informações sobre estas bolsas podem ser encontradas em: http://www.acton.org/programs/students/
Em 2012 o prêmio foi atribuído ao Prof. Giovanni Patriarca que leciona em instituições e projetos culturais italianos em Nuremberg na Alemanha. Ele é mestre em Gestão Escolar pela Universidade de Macerata (Itália), formado em Estudos Islâmicospelo Pontifício Instituto de Estudos Árabes e Islâmicos (PISAI) e obteve seu doutorado em filosofia na Pontifícia Universidade Regina Apostolorum de Roma. Ele dedicou-se em grande parte ao pensamento econômico pré-clássico, e sua tese de doutorado foi baseada nas teorias sociais e monetárias de Nicolas Oresme, matemático e filósofo do século XIV.
O prof. Patriarca trabalhou como pesquisador externo da Universidade Humboldt, em Berlim, e realizou pesquisas e estudos em diversas instituições acadêmicas na França, Hungria, Eslováquia, Polônia, República Checa e Estados Unidos. Ele escreveu artigos sobre sua pesquisa em várias línguas, argumentos que vão desde a história das doutrinas políticas e econômicas aos estudos islâmicos e a filosofia da ciência. ZENIT o entrevistou.
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ZENIT: O senhor recentemente recebeu o prêmio Novak. Que contribuições do filósofo e teólogo americano poderia nos apresentar?
Giovanni: O trabalho do professor Michael Novak é tão rico que não é fácil colocá-lo em qualquer reflexão. Além das famosas obras de natureza econômica, seria necessário  uma maior compreensão de alguns dos artigos publicados nos últimos anos, especialmente pela revista First Things, em que, com uma prosa articulada, mas muito útil, explora as raízes das contradições da modernidade caracterizada pela crise da responsabilidade individual e social, bem como uma turvação dos valores tradicionais compartilhados por gerações anteriores. A perda de uma perspectiva metafísica, como já advertiu Tocqueville, nos condena à matéria e ao mundo, aprisionando-nos pelo niilismo.
ZENIT: Que aspectos neste contexto de crise econômica parecem alarmantes, especialmente para as jovens gerações?
Giovanni: A crise do indivíduo é, sem dúvida, uma crise moral coletiva. Os jovens já no turbilhão das dificuldades econômicas e de trabalho, foram, talvez, atraídos por mitos e promessas vazias. Parece que uma espécie de "narcose materialista", resultado também da sociedade da informação, mudou o curso natural do tempo adiando continuamente "questões fundamentais" e imobilizando a natural predisposição para o planejamento e para compromissos duradouros com uma ‘auto-redução’ da liberdade, aparentemente delegada ao mundo.
ZENIT: Existem sinais de esperança?
Giovanni: Claro! No momento em que o indivíduo tenta analisar, no segredo do próprio silêncio, sua jornada humana, muitas vezes, experimenta um sentimento de desorientação e ansiedade que às vezes é relacionado a certa agressividade ou raiva . Em um artigo recente do Pe.Giovanni Cucci, s.j, apareceu na civilização católica, ele fala sobre a relação entre a "raiva positiva" e a esperança.
Se a preocupação é metabolizada de forma correta pode ser o estímulo para a construção de um novo caminho. No desejo de renascer se abriga um profundo sentimento de esperança, que alimenta uma série de outras virtudes em um movimento gradual para a partilha dos deveres, o perdão e o respeito mútuo.
ZENIT:O magistério de Bento XVI nos oferece muitas idéias de inspiração filosófica profunda. O que pode tocar profundamente o homem moderno confuso e às vezes indiferente?
Giovanni: Sem entrar em âmbitos estritamente teológicos, poderia apresentar alguns aspectos tanto de fácil compreensão como portadores de futuras reflexões individuais. A Secularização mudou profundamente as relações humanas e interpessoais. A indiferença e o hedonismo têm substituído a busca natural de soluções propositivas sob a ‘estrela da sorte’ da responsabilidade mútua.
Isso pode ser visto, especialmente em pequenas comunidades que são a base da convivência civil. Bento XVI convida-nos a não deixar-nos engolir pela areia movediça do nada, mas a sermos criativos, ativos, prontos para assumir - de cabeça erguida – novos desafios num contexto de uma "minoria".
O véu da indiferença pode ser rasgado no momento em que a pessoa parando por um momento diante da beleza da criação ou de uma obra de arte, reconsidera, com o olhar contemplativo e aberto à maravilha, o seu papel no mundo, questionando-se sobre seu destino e olhando para o alto. A recuperação, em diversas situações, da Via Pulchritudinis é um aspecto essencial do magistério de Bento XVI.
(Trad.MEM)
Fonte: www.zenit.org

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