domingo, 9 de dezembro de 2012

LITURGIA EM MUTIRÃO III (08 - A LITURGIA COMO REALIDADE SIMBÓLICO-SACRAMENTAL) - CNBB


FICHA 08:
A LITURGIA COMO REALIDADE SIMBÓLICO-SACRAMENTAL[1]
Ione Buyst

Sacramentos são liturgia, liturgia é sacramento

            Sacramentos são ações simbólico-sacramentais, pelas quais o Cristo Ressuscitado, presente em sua Igreja, nos atinge e nos transforma com seu Espírito vivificante. Por seus sinais sensíveis, quando realizados na fé, trazem presente e realizam em nós aquilo que significam: a salvação, a páscoa, a chegada do Reino, nossa comunhão em Deus.

            Acontece que toda essa teologia que encontramos no início da constituição conciliar sobre a Sagrada Liturgia (SC 5-8) não diz respeito somente aos sacramentos, mas à liturgia como um todo. Basta olhar a seqüência dos capítulos da constituição para nos darmos conta disso. Vejam: o capítulo primeiro trata da liturgia em geral (incluindo os sacramentos); os capítulos seguintes tratam de várias celebrações litúrgicas específicas ou de alguns de seus elementos: Eucaristia, demais sacramentos e sacramentais, ofício divino, ano litúrgico, música sacra, arte sacra e sagradas alfaias.

            Portanto, não somente nos gestos centrais dos sacramentos Cristo está presente e atua com seu Espírito, mas em todas as celebrações litúrgicas (ofício divino, por exemplo) e na celebração litúrgica como um todo, em todos os seus elementos (assembléia, ministérios, palavra, música, silêncio, gestos e atitudes do corpo, ano litúrgico, espaço sagrado...). Vale a pena reler o n. 7 da constituição conciliar, que fala dessas várias maneiras de Cristo estar presente na liturgia: no ministro da celebração eucarística, no pão e no vinho eucarísticos, nos sacramentos, pela sua palavra, quando a Igreja ora e salmodia:

            “Para levar a efeito obra tão importante [obra da salvação], Cristo está presente em sua Igreja, sobretudo nas ações litúrgicas. Presente está no sacrifício da missa, tanto na pessoa do ministro, “pois aquele que agora oferece pelo ministério dos sacerdotes é o mesmo que outrora se ofereceu na cruz”, como sobretudo sob as espécies eucarísticas. Presente está pela sua força nos sacramentos, de tal forma que quando alguém batiza é Cristo mesmo que batiza. Presente está pela sua palavra, pois é ele mesmo que fala quando se lêem as Sagradas Escrituras na igreja. Está presente finalmente quando a Igreja ora e salmodia, ele que prometeu: “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, aí estarei no meio deles” (Mt 18, 20)”.

            Assim, a liturgia como um todo é celebrado sacramental do mistério pascal de Jesus Cristo. A liturgia como um todo tem força simbólico-sacramental e como tal deve ser celebrada e vivida.

            A cada gesto, a cada palavra, a cada olhar..., estamos trazendo presente e atuante (ou não!) o mistério e a força da páscoa de Jesus, que veio para transformar nossas vidas: entrar na igreja, andar, encontrar-se com os irmãos, fazer o sinal da cruz, abraçar-nos uns aos outros(as), beijar o altar, proclamar ou ouvir a palavra, cantar, mergulhar no silêncio, ver as flores que enfeitam o espaço de celebração... Em todos esses gestos e momentos, podemos viver (ou não!) o encontro com o Ressuscitado e, através dele, com o Pai, no Espírito Santo.

Perguntas para reflexão pessoal ou em grupos:

  1. Vamos ler juntos e comentar o número 7 da Constituição Sacrosanctum Concilium?
  2. Olhando para as nossas comunidades: os sacramentos são valorizados e vividos como ações simbólicas?  Como podemos ajudar as pessoas a perceberem esta realidade?


[1] Artigo publicado na Revista de Liturgia de julho/agosto 2000, pág. 29-30 e no livro Celebrar com símbolos, Paulinas, pág. 55-56.


Fonte: http://www.cnbb.org.br/site/component/docman/cat_view/236-liturgia-em-mutirao-iii?start=20

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