Intenção Geral
A TRADIÇÃO DAS IGREJAS ORIENTAIS, RIQUEZA PARA TODA A IGREJA
Pelas Igrejas Católicas Orientais, para que a sua venerável tradição seja conhecida e estimada enquanto riqueza espiritual para toda a Igreja.
Muitos católicos, mesmo os que são cultos, não têm ideia do que são as Igrejas Católicas Orientais. Ignoram, por isso, uma série de pormenores sobre estas Igrejas. Esta ignorância deve-se, pelo menos em parte, a que a imensa maioria dos católicos pertencem à Igreja Latina.
Especificidades destas Igrejas
Vamos, por isso, mencionar alguns desses pormenores referentes a essas Igrejas, em ordem a que haja em relação a elas um maior apreço, como pedimos na Intenção Geral deste mês.A maioria dos católicos duvida se essas Igrejas obedecem ao Papa, não sabendo que há patriarcas em comunhão com Roma, como o Maronita e o Caldeu. Surpreendem-se ainda mais ao saber que nessas Igrejas há sacerdotes casados, com a aprovação do Papa, e que estas Igrejas são muito autónomas no seu governo. As suas celebrações litúrgicas são muito diferentes do rito latino; têm um calendário litúrgico distinto, com os seus próprios santos, festas, jejuns especiais, etc. Algumas delas, como a Maronita e a Ítalo-Albanesa, nunca romperam com Roma; outras, por exemplo as Malabares, reconheceram Roma logo que tiveram oportunidade. Mas a maioria destas Igrejas separou-se das Igrejas Ortodoxas depois do Concílio de Trento, no século XVI, para estar em comunhão com a Igreja universal.
Importância das Igrejas Orientais
A importância destas Igrejas é muito grande, não só pelas tradições que conservam, as quais remontam ao tempo dos Santos Padres, mas também porque podem ajudar os católicos a compreender o que são as Igrejas Ortodoxas. Sobre esta importância, declarou o Concílio Vaticano II no «Decreto sobre as Igrejas Orientais»: «A Igreja católica aprecia as instituições, os ritos litúrgicos, as tradições eclesiásticas e a disciplina cristã das Igrejas Orientais. Com efeito, ilustres pela sua veneranda antiguidade, nelas brilha aquela tradição que vem dos apóstolos, através dos Santos Padres e que constitui parte do património divinamente revelado e indiviso da Igreja universal». E acrescenta ainda o mesmo Vaticano II: «A história, as tradições e muitas instituições eclesiásticas, atestam claramente quanto mereceram as Igrejas Orientais em relação à Igreja universal. Por isso, o Sagrado Concílio não só honra este património eclesiástico e espiritual […] mas também o considera firmemente como património da Igreja de Cristo». Ainda sobre esta importância afirmou o Papa actual, em Junho de 2007: «São as Igrejas Orientais que conservam, de modo especial, o eco do primeiro anúncio evangélico; as memórias mais antigas dos milagres realizados por Cristo; os primeiros reflexos da luz pascal e o resplendor do fogo nunca apagado do Pentecostes. O seu património espiritual, enraizado no ensino dos apóstolos e dos Santos Padres, deu origem a veneráveis tradições litúrgicas, teológicas e disciplinares, mostrando a capacidade do “pensamento de Cristo” de fecundar as culturas e a história». Acrescenta ainda o Papa, na mesma ocasião: «Olho com estima e afecto as Igrejas Orientais. Já nos une um vínculo muito estreito. Temos quase tudo em comum e temos, sobretudo, o desejo sincero de alcançar a unidade. Do fundo do nosso coração eleva-se o desejo de que esse anelo chegue a realizar-se plenamente».
A realidade actual
Apesar desta importância, o conjunto destas Igrejas forma uma pequena minoria em comparação com a Igreja Católica Latina e, como todas as minorias, só depois de muitos séculos é que os seus direitos foram plenamente reconhecidos. A «Carta Magna» dos seus direitos só lhes foi dada pelo Papa Leão XIII, em 1894, por meio do DecretoOrientalium dignitas. Mas, como disse o Patriarca Católico Oriental, o Melkita Maximus IV, no tempo do Vaticano II, serão necessários ainda mais cem anos para que os católicos tomem plena cons-ciência destas Igrejas. As diligências do Papa actual procuram encurtar estes anos. A demonstrá-lo, tem afirmado em várias ocasiões a sua estima pelas Igrejas Orientais. Por exemplo, em Junho de 2007, exprimiu esta estima «pelo papel de testemunhas vivas das origens, pois sem a sua constante relação com a tradição das origens, a Igreja Católica não tem futuro». A Igreja universal encontra no património das origens a capacidade de falar também ao homem moderno de modo unânime e consciente. As palavras do Ocidente necessitam das palavras do Oriente, para que a Palavra de Deus manifeste cada vez melhor as suas insondáveis riquezas. Rezemos para que a rica tradição das Igrejas Orientais seja cada vez mais conhecida e estimada, como aquela que representa uma grande riqueza para toda a Igreja santa de Deus.
Intenção Missionária A ÁFRICA AO ENCONTRO DE CRISTO
Para que o continente africano encontre em Cristo a força de realizar o caminho de reconciliação e justiça indicado pelo segundo Sínodo dos Bispos de África.
O Segundo Sínodo dos Bispos para África realizou-se em Roma, em Outubro de 2009, 15 anos depois do primeiro, de 1994. Nessa altura, punha-se a pergunta de se não seria cedo para ser convocado um segundo Sínodo. Entre as razões em favor foram as guerras fratricidas que ensanguentaram uma grande parte de África, antes e depois de 2000. De facto, conflitos armados, o sincretismo religioso, a instabilidade política… caracterizam o fim do segundo milénio e o começo do terceiro em África. A falta de paz generalizada mostrou que ainda se está longe de viver como filhos reconciliados. Com efeito, o contexto socioeconómico e político do Continente africano continua marcado, em grande parte, por lutas sangrentas entre grupos étnicos e povos irmãos. Esta situação, verdadeiramente trágica, interpela os cristãos de um modo muito especial. Se em Jesus Cristo todos formamos parte da mesma família e partilhamos a mesma vida que nos transforma em filhos de Deus, não deveriam existir mais ódios, injustiças e guerras entre irmãos. É, pois, necessária urgentemente a reconciliação. Para os cristãos, esta reconciliação radica no amor misericordioso de Deus Pai e realiza-se através de Jesus Cristo, que no Espírito Santo ofereceu a todos a graça da reconciliação. Para levar a cabo esta missão de reconciliação, a Igreja deve ser uma comunidade de pessoas reconciliadas com Deus e entre elas. Só assim pode anunciar a Boa Nova desta reconciliação no contexto actual. É urgente que as comunidades cristãs sejam lugares de escuta profunda da Palavra de Deus. Por meio da leitura meditativa e comunitária da Sagrada Escritura na Igreja, o cristão encontrará Cristo ressuscitado que lhe fala e lhe devolve a esperança em plenitude que Ele oferece ao mundo.
António Coelho, s.j.
Fonte: www.apostoladodaoracao.pt
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