domingo, 5 de abril de 2009

Homilia de Domingo de Ramos 05/04/09


“BENDITO AQUELE QUE VEM EM NOME DO SENHOR!” (Mt 21,9)
Da Ingratidão ignorante à Gratidão de quem se reconhece amado e reconciliado pelo sofrimento de Cristo na cruz


Diác. Adauto Farias, CM



Chegamos ao Domingo de Ramos. Depois de 5 semanas de preparação para a Grande Semana, é chegado o momento assumirmos uma vida de conversão por amor à Cristo, com o amor de Cristo e no amor de Cristo.
Contudo, é preciso sairmos de uma situação de “ingratidão ignorante” em que nos encontramos. Assim estamos porque ainda não entendemos o amor oblativo de Cristo por nós. Queremos que as coisas sejam boas, mas do nosso jeito. Não queremos aceitar o “jeito de ser” de Deus. Ele age na gratuidade e pensando em todos, especialmente nos que mais sofrem: os pobres e humildes. Nós, em geral, não conseguimos pensar além de nosso próprio nariz. Somos egoístas. Somos ingratos porque não entendemos – ou não queremos entender – que Jesus não age por interesses ou querendo salvar apenas a sua pele.
Jesus, o Justo sofredor, não oferece a sua vida como um louco sem sentido. Ele sabe o que faz. Ele sabe que o Pai não abandonará. Ele confia em Deus. Ele põe sua segurança no Senhor. Assim como este Justo, digamos com o Profeta Isaías: “Mas o Senhor Deus é meu Auxiliador, por isso não me deixei abater o ânimo, conservei o rosto impassível como pedra, porque sei que não sairei humilhado” (50,7).
Jesus, sendo de condição divina, faz de sua vida uma doação, um despojamento obediente de tudo o que tem, isto é, sua própria vida, porque sabe que a última palavra não é a morte ou abandono do seu Pai, mas a certeza de que a vida permanece para quem confia em Deus e entrega a sua vida por obediência a Ele. Jesus faz de sua vida uma doação porque sabe que não há outro sentido para a vida, senão no serviço a Deus e aos irmãos. Ele veio nos ensinar como Deus é, como Deus age e como Deus quer que sejamos: “servos uns dos outros pelo amor” (cf. Gl 5,13).
Jesus, o Cristo de Deus, não se entrega a morte de cruz por uma coisa banal, mas pela vida de cada um de nós, por aqueles que, sem o compreender, o levaram a morte, como Pilatos que lava as mãos para não se comprometer, ou como Judas que busca como um interesseiro, apenas visando o seu ideal revolucionário, e não é capaz de entender o que Jesus revela: a forma correta de ser humano, tudo pelo amor de Deus ao ser humano.
Somente agindo deste modo, como Jesus viveu, estamos sendo verdadeiros cristãos, discípulos e missionários do Deus da Vida. Se formos capazes de reconhecermos o seu amor por nós, que morre para nos salvar da morte; que morre para nos reconciliar de todo pecado; que sofre injustamente, assumindo a nossa causa, o nosso pecado, a nossa dor. E por isso não morre, vive pois sabe em quem acredita (cf. 2 Tm 1,12) no Deus da Vida, no Deus da Ressurreição, no seu Pai amoroso.
Então, eis o apelo da Liturgia neste Domingo de Ramos: sairmos de uma ingratidão que de quem não conhece a Deus e a seu Filho Jesus Cristo para nos conformarmos com o seu ser e seu agir e, se necessário for, sofrer com Ele nos que sofrem injustamente ainda hoje, morrer com Ele nos que morrem ainda hoje, pela insensibilidade de muitos para com a Palavra, o Agir e a Vontade de Deus.Reconheçamo-nos amados e reconciliados por Jesus Cristo para que possamos ser capazes de amar outros, os não amados e mal amados!

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