terça-feira, 18 de dezembro de 2012

LITURGIA EM MUTIRÃO III (12 - LOUVOR À MISERICÓRDIA DO PAI) - CNBB



FICHA 12:

LOUVOR À MISERICÓRDIA DO PAI 

Prefácio da Penitência

Frei Faustino Paludo, OFMCap


            O Prefácio nas Missas da Reconciliação e nas de caráter penitencial, como no tempo da Quaresma (cf Missal p. 442), além de revelar o sentido do Sacramento da Reconciliação, evidencia que: “a vida nova do Batismo, confirmada pelo Espírito e alimentada pela ceia Eucarística, renova-se pelo sacramento da Reconciliação sempre que for ferida pelo pecado”.

“Somos criaturas saídas de vossas mãos amorosas, mas naufragamos por causa do pecado”. Vossa misericórdia veio em nosso socorro e, em Cristo crucificado e ressuscitado, reencontramos o porto da paz.

Salvos pelas águas do Batismo, nosso louvor se enfraqueceu pelo pecado que cometemos, mas o Sacramento da Reconciliação nos convida à penitência, nos renova na santidade, e nos introduz no banquete do vosso amor.

“Revestidos com a graça do perdão, proclamamos vossa misericórdia, e, unidos ao coro dos reconciliados, cantamos jubilosos, a uma só voz”. 

O prefácio da missa inicia com o convite à ação de graças ao Senhor nosso Deus. Dar graças pela infinita misericórdia do Pai revelada em/por Cristo e que, hoje, se perpetua nos sacramentos da Igreja. O prefácio da Penitência proclama a unidade existente entre a 1ª e a 2ª criação, da páscoa da criação e da Páscoa da redenção: as criaturas humanas saídas das mãos amorosas de Deus, engolidas pelas águas do pecado, reencontram o socorro e a alegria da paz na ação misericordiosa do Pai revelada no mistério pascal de seu Filho Jesus.  No Cristo feito humano, crucificado e ressuscitado, o Pai estende sua mão aos pecadores convidando-os a entregarem-se confiantes à sua misericórdia. Jesus como palavra viva do Pai, é o caminho mediante o qual as pessoas reencontram o perdão e a paz. Ele é a fonte da humanidade reconciliada. A Igreja, por sua vez, não cessa de proclamar: “Desde a criação do mundo fazeis o bem a cada um de nós para sermos santos como vós sois santo”. 

            Pelo Batismo fomos sepultados nas águas da morte de Cristo e ressurgimos com Ele dentre os mortos (cf. Rm 6,4-11). O Batismo representa a primeira páscoa dos cristãos e o começo da vida nova. Quem passa pelas águas do batismo, “torna-se uma nova criatura” (2Cor 5,17), um filho de Deus.  Inseridos em Cristo, os batizados tornam-se membros da comunidade dos reconciliados com o Pai no Espírito Santo. “Todavia, esse tesouro nós o levamos em vasos de barro” (2Cor 4,7). O banho batismal nos torna participantes do povo santo e pecador. Pelo batismo todos os pecados são perdoados, mas certas conseqüências temporais do pecado permanecem, tais como as fragilidades inerentes à vida, a propensão ao mal etc. (cf. Rm 7,19). Assim, sempre que quebramos o pacto da aliança, o louvor do povo sacerdotal se enfraquece. Isto é, o vigor da vida no seguimento de Cristo e a participação na comunidade cristã se sentem sufocadas.  Contudo, nada pode calar o apelo do Mestre: “Convertam-se!” (Mc 1,15) e da Igreja: “Arrependam-se!” (At. 2,18). O Sacramento da Penitência emerge aqui como um segundo batismo, convidando os seguidores de Cristo à conversão. À mudança de vida própria de quem se coloca no rumo de Deus. É sacramento que “nos renova na santidade”. Nas águas do Batismo fomos “santificados e reabilitados pelo nome do Senhor Jesus Cristo e pelo Espírito do nosso Deus” (1Cor 6,11). Tornamo-nos participantes da santidade de Deus. O pecado, por sua vez, quebra a aliança e impede de glorificarmos dignamente o Senhor. O sacramento da Reconciliação refaz os laços de comunhão e introduz o pecador arrependido no banquete do amor. Isto lembra a parábola do “Pai misericordioso” que acolhe com afeição o filho que retorna, o reveste e ordena que lhe seja preparada uma festa (cf. Lc 15, 23-24). A Reconciliação, purificando-nos do pecado, “reveste-nos de Cristo” (Gl 3,27; (cf. Lc 15, 22) e nos torna participantes do banquete do amor. A reconciliação com Deus e a renovação da vida nova acontecem na refeição pascal, na mesa da Eucaristia.

“Revestidos com a graça do perdão, proclamamos vossa misericórdia, e, unidos ao coro dos reconciliados”. Ao ser reconciliado o discípulo de Cristo, sente necessidade de louvar a misericórdia e a benignidade do Senhor, bem como, unido a todos os reconciliados, dar graças ao Deus do perdão. A proclamação da grandeza do Deus misericordioso permite ao reconciliado a alegria de quem foi perdoado por amor. Além do mais, os que foram perdoados e pacificados pelo Sacramento da Reconciliação, mergulhados no cotidiano da sociedade marcada pelas desigualdades sociais, violência, exclusão, fome e morte ...   são enviados a proclamar a boa-nova da misericórdia, numa contínua e renovada conversão, construindo relações reconciliadas e reconciliadoras, animados pela misericórdia do Pai, revelada em/por Cristo Ressuscitado.
 


Para conversar:

1.         Lendo e meditando o Prefácio da Penitência, que sacramentos aparecem interligados?
2.         De modo geral, como é que as pessoas entendem a relação entre Sacramento da Penitência, o Batismo e a Eucaristia?
3.         O que o Prefácio das missas da Reconciliação (Penitência) ressalta?
4.         Retomar o prefácio e juntos recitá-lo.








Fonte: http://www.cnbb.org.br/site/component/docman/cat_view/236-liturgia-em-mutirao-iii

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