FICHA 12:
LOUVOR À MISERICÓRDIA DO PAI
Prefácio da Penitência
Frei Faustino Paludo, OFMCap
O
Prefácio nas Missas da Reconciliação e nas de caráter penitencial, como no
tempo da Quaresma (cf Missal p. 442), além de revelar o sentido do Sacramento
da Reconciliação, evidencia que: “a vida nova do Batismo, confirmada pelo
Espírito e alimentada pela ceia Eucarística, renova-se pelo sacramento da
Reconciliação sempre que for ferida pelo pecado”.
“Somos
criaturas saídas de vossas mãos amorosas, mas naufragamos por causa do pecado”.
Vossa misericórdia veio em nosso socorro e, em Cristo crucificado e
ressuscitado, reencontramos o porto da paz.
Salvos
pelas águas do Batismo, nosso louvor se enfraqueceu pelo pecado que cometemos,
mas o Sacramento da Reconciliação nos convida à penitência, nos renova na
santidade, e nos introduz no banquete do vosso amor.
“Revestidos
com a graça do perdão, proclamamos vossa misericórdia, e, unidos ao coro dos
reconciliados, cantamos jubilosos, a uma só voz”.
O prefácio da missa inicia com
o convite à ação de graças ao Senhor nosso Deus. Dar graças pela infinita
misericórdia do Pai revelada em/por Cristo e que, hoje, se perpetua nos
sacramentos da Igreja. O prefácio da Penitência proclama a unidade existente
entre a 1ª e a 2ª criação, da páscoa da criação e da Páscoa da redenção: as
criaturas humanas saídas das mãos amorosas de Deus, engolidas pelas águas do
pecado, reencontram o socorro e a alegria da paz na ação misericordiosa do Pai
revelada no mistério pascal de seu Filho Jesus.
No Cristo feito humano, crucificado e ressuscitado, o Pai estende sua
mão aos pecadores convidando-os a entregarem-se confiantes à sua misericórdia.
Jesus como palavra viva do Pai, é o caminho mediante o qual as pessoas
reencontram o perdão e a paz. Ele é a fonte da humanidade reconciliada. A
Igreja, por sua vez, não cessa de proclamar: “Desde a criação do mundo fazeis o
bem a cada um de nós para sermos santos como vós sois santo”.
Pelo Batismo fomos sepultados nas águas da morte de
Cristo e ressurgimos com Ele dentre os mortos (cf. Rm 6,4-11). O Batismo
representa a primeira páscoa dos cristãos e o começo da vida nova. Quem passa
pelas águas do batismo, “torna-se uma nova criatura” (2Cor 5,17), um filho de
Deus. Inseridos em Cristo, os batizados
tornam-se membros da comunidade dos reconciliados com o Pai no Espírito Santo.
“Todavia, esse tesouro nós o levamos em vasos de barro” (2Cor 4,7). O banho
batismal nos torna participantes do povo santo e pecador. Pelo batismo todos os
pecados são perdoados, mas certas conseqüências temporais do pecado permanecem,
tais como as fragilidades inerentes à vida, a propensão ao mal etc. (cf. Rm
7,19). Assim, sempre que quebramos o pacto da aliança, o louvor do povo
sacerdotal se enfraquece. Isto é, o vigor da vida no seguimento de Cristo e a
participação na comunidade cristã se sentem sufocadas. Contudo, nada pode calar o apelo do Mestre:
“Convertam-se!” (Mc 1,15) e da Igreja: “Arrependam-se!” (At. 2,18). O
Sacramento da Penitência emerge aqui como um segundo batismo, convidando os
seguidores de Cristo à conversão. À mudança de vida própria de quem se coloca
no rumo de Deus. É sacramento que “nos renova na santidade”. Nas águas do
Batismo fomos “santificados e reabilitados pelo nome do Senhor Jesus Cristo e
pelo Espírito do nosso Deus” (1Cor 6,11). Tornamo-nos participantes da
santidade de Deus. O pecado, por sua vez, quebra a aliança e impede de
glorificarmos dignamente o Senhor. O sacramento da Reconciliação refaz os laços
de comunhão e introduz o pecador arrependido no banquete do amor. Isto lembra a
parábola do “Pai misericordioso” que acolhe com afeição o filho que retorna, o
reveste e ordena que lhe seja preparada uma festa (cf. Lc 15, 23-24). A
Reconciliação, purificando-nos do pecado, “reveste-nos de Cristo” (Gl 3,27;
(cf. Lc 15, 22) e nos torna participantes do banquete do amor. A reconciliação
com Deus e a renovação da vida nova acontecem na refeição pascal, na mesa da
Eucaristia.
“Revestidos
com a graça do perdão, proclamamos vossa misericórdia, e, unidos ao coro dos
reconciliados”.
Ao ser reconciliado o discípulo de Cristo, sente necessidade de louvar a
misericórdia e a benignidade do Senhor, bem como, unido a todos os
reconciliados, dar graças ao Deus do perdão. A proclamação da grandeza do Deus
misericordioso permite ao reconciliado a alegria de quem foi perdoado por amor.
Além do mais, os que foram perdoados e pacificados pelo Sacramento da
Reconciliação, mergulhados no cotidiano da sociedade marcada pelas
desigualdades sociais, violência, exclusão, fome e morte ... são enviados a proclamar a boa-nova da
misericórdia, numa contínua e renovada conversão, construindo relações
reconciliadas e reconciliadoras, animados pela misericórdia do Pai, revelada
em/por Cristo Ressuscitado.
Para
conversar:
1.
Lendo e meditando o Prefácio da Penitência, que
sacramentos aparecem interligados?
2.
De modo geral, como é que as
pessoas entendem a relação entre Sacramento da Penitência, o Batismo e a Eucaristia?
3.
O que o Prefácio das missas da
Reconciliação (Penitência) ressalta?
4.
Retomar o prefácio e juntos
recitá-lo.
Fonte: http://www.cnbb.org.br/site/component/docman/cat_view/236-liturgia-em-mutirao-iii
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