FICHA 11:
SACRAMENTO
DA RECONCILIAÇÃO
Frei Faustino
Paludo, OFMCap
Muitos se
perguntam, hoje, pelo significado do sacramento da reconciliação no horizonte
de uma sociedade onde a convivência harmônica e pacífica está se deteriorando
face ao crescimento da violência, onde a vida e a dignidade das pessoas são
ameaçadas.
Ora, o sacramento da Penitência está justamente enraizado na condição
humana e na complexa realidade da convivência social. As pessoas ao mesmo
tempo que aspiram viver em paz, reconciliadas consigo e com os semelhantes,
experimentam a amargura das tensões e dos conflitos. Sentem-se contrariadas
frente às adversidades e às rupturas. Em meio às contradições e frustrações, a
reação imediata é o isolamento. De fato, quem se dedica ao ministério da
Reconciliação, constata que há “muita solidão”! Pessoas que desejam avidamente
ser ouvidas em seus desabafos. Contudo, da experiência do sentir-se só e
ferido, ecoa o grito pela busca de uma nova realidade, da mudança de vida. É
preciso mudar! Ninguém, em sã consciência, consegue viver só e em meio a
conflitos e transgressões por muito tempo. “Levantar-me-ei e irei ter com meu
pai” (Lc 15,18)!
O Sacramento da Penitência e da
Reconciliação é a festa do reencontro e do amor misericordioso do Pai. É a
celebração do perdão e da esperança. O pedido de perdão resgata o sentimento
confiante e possibilita a abertura de novos horizontes de relações
reconciliadas. O pedir perdão encerra um dinamismo humano muito maior que a
simples oração interior, pois insere o ser humano na dinâmica da relação
comunitária. “Pai pequei contra Deus e contra ti, já não mereço que me chamem
teu filho” (cf Lc 15,21).
Mas, o “pedir perdão” requer a disponibilidade de
alguém que se faça “todo escuta”, isto é, acolha com benevolência, ouça
atenciosamente, permitindo à pessoa abrir seu coração. Saber ouvir é atitude
que brota da bem-aventurança da misericórdia e, do reconhecimento da grandeza
da pessoa do outro, apesar de seus limites (cf Jo 8,10-11). Nesta hora, a
interlocução (o diálogo) reveste-se de significativa importância. Quem pede
perdão, também espera ouvir uma palavra reconciliadora, ou seja, uma palavra
que lhe dê a certeza do perdão e da paz. O perdão faz brilhar os olhos e exultar
o coração ante as palavras: “irmão (a) tu estás perdoado (a)! Tu és amado (a)
por Deus e liberto (a) em
Jesus Cristo pela força de seu Espírito. Vai e viva em paz
com todos!”
O sacramento da Reconciliação é a celebração
do amor incondicional de Deus que se traduz em dom de perdão e de paz. No
Sacramento da Penitência, os fiéis “obtêm da misericórdia divina o perdão da
ofensa a Deus, e ao mesmo tempo são reconciliados com a Igreja que eles feriram
pelo pecado e que colabora para sua conversão com a caridade, o exemplo e as
orações” (RP. Introdução. 4). O importante é resgatar a comunhão com Deus e com
a Igreja, olhando igualmente para a grande reconciliação com o universo, em
vista da cultura de reconciliados (cf.
Conclusões do Seminário sobre Reconciliação, publicado no Subsídio Deixai-vos
Reconciliar, Estudos da CNBB 96, Brasília, Edições CNBB, 2008).
Perguntas para reflexão pessoal ou em
grupos:
1.
Como as pessoas reagem e convivem em meio à violência e aos conflitos
sociais?
2.
Quando você percebe que machucou alguém, como você reage? O que você
faz?
3.
Nos momentos difíceis de sua vida, o que você mais deseja? O que você
busca?
4.
Muita gente sente a necessidade de celebrar o sacramento. Você sabe como, onde, quando e com quem
celebrá-lo?
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