FICHA 08:
A LITURGIA COMO REALIDADE SIMBÓLICO-SACRAMENTAL[1]
Ione Buyst
Sacramentos são ações
simbólico-sacramentais, pelas quais o Cristo Ressuscitado, presente em sua
Igreja, nos atinge e nos transforma com seu Espírito vivificante. Por seus
sinais sensíveis, quando realizados na fé, trazem presente e realizam em nós
aquilo que significam: a salvação, a páscoa, a chegada do Reino, nossa comunhão
em Deus.
Acontece que toda essa teologia que
encontramos no início da constituição conciliar sobre a Sagrada Liturgia (SC
5-8) não diz respeito somente aos sacramentos, mas à liturgia como um todo.
Basta olhar a seqüência dos capítulos da constituição para nos darmos conta
disso. Vejam: o capítulo primeiro trata da liturgia em geral (incluindo os
sacramentos); os capítulos seguintes tratam de várias celebrações litúrgicas
específicas ou de alguns de seus elementos: Eucaristia, demais sacramentos e
sacramentais, ofício divino, ano litúrgico, música sacra, arte sacra e sagradas
alfaias.
Portanto, não somente nos gestos
centrais dos sacramentos Cristo está presente e atua com seu Espírito, mas em
todas as celebrações litúrgicas (ofício divino, por exemplo) e na celebração
litúrgica como um todo, em todos os seus elementos (assembléia, ministérios,
palavra, música, silêncio, gestos e atitudes do corpo, ano litúrgico, espaço
sagrado...). Vale a pena reler o n. 7 da constituição conciliar, que fala
dessas várias maneiras de Cristo estar presente na liturgia: no ministro da
celebração eucarística, no pão e no vinho eucarísticos, nos sacramentos, pela
sua palavra, quando a Igreja ora e salmodia:
“Para levar a efeito obra tão
importante [obra da salvação], Cristo está presente em sua Igreja, sobretudo
nas ações litúrgicas. Presente está no sacrifício da missa, tanto na pessoa do
ministro, “pois aquele que agora oferece pelo ministério dos sacerdotes é o
mesmo que outrora se ofereceu na cruz”, como sobretudo sob as espécies
eucarísticas. Presente está pela sua força nos sacramentos, de tal forma que
quando alguém batiza é Cristo mesmo que batiza. Presente está pela sua palavra,
pois é ele mesmo que fala quando se lêem as Sagradas Escrituras na igreja. Está
presente finalmente quando a Igreja ora e salmodia, ele que prometeu: “Onde
dois ou três estiverem reunidos em meu nome, aí estarei no meio deles” (Mt 18,
20)”.
Assim, a liturgia como um todo é
celebrado sacramental do mistério pascal de Jesus Cristo. A liturgia como um
todo tem força simbólico-sacramental e como tal deve ser celebrada e vivida.
A cada gesto, a cada palavra, a cada
olhar..., estamos trazendo presente e atuante (ou não!) o mistério e a força da
páscoa de Jesus, que veio para transformar nossas vidas: entrar na igreja,
andar, encontrar-se com os irmãos, fazer o sinal da cruz, abraçar-nos uns aos
outros(as), beijar o altar, proclamar ou ouvir a palavra, cantar, mergulhar no
silêncio, ver as flores que enfeitam o espaço de celebração... Em todos esses
gestos e momentos, podemos viver (ou não!) o encontro com o Ressuscitado e,
através dele, com o Pai, no Espírito Santo.
Perguntas
para reflexão pessoal ou em grupos:
- Vamos
ler juntos e comentar o número 7 da Constituição Sacrosanctum Concilium?
- Olhando
para as nossas comunidades: os sacramentos são valorizados e vividos como
ações simbólicas? Como podemos
ajudar as pessoas a perceberem esta realidade?
[1]
Artigo publicado na Revista de Liturgia de julho/agosto 2000, pág. 29-30 e no
livro Celebrar com símbolos, Paulinas, pág. 55-56.
Fonte: http://www.cnbb.org.br/site/component/docman/cat_view/236-liturgia-em-mutirao-iii?start=20
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