FICHA 15
A CELEBRAÇÃO DO SACRAMENTO DA RECONCILIAÇÃO
AO LONGO DA HISTÓRIA
Frei Faustino
Paludo, OFMCap
A Tradição da Igreja afirma que “Cristo instituiu o
sacramento da Penitência para todos os membros pecadores de sua Igreja, antes
de tudo para aqueles que, depois do batismo, cometeram pecado grave e com isso
perderam a graça batismal e feriram a comunhão eclesial” (Catecismo, 1446).
Jesus edificou sua tenda entre nós (Jo 1, 14) para revelar o amor
misericordioso do Pai e reconciliar a humanidade com Ele. Iniciou sua pregação conclamando à
penitência: “fazei penitência e crede na Boa Nova” (Mc 1,15). Acolheu os
pecadores, reconciliando-os com o Pai (Lc 5, 20; 7,48) e por fim, derramou seu
sangue na cruz para o perdão dos pecados (Mt 26,28). Ao ressuscitar dentre os
mortos, enviou o Espírito Santo sobre os
seus discípulos concedendo-lhes o poder de perdoar os pecados (Jo 20, 19-23) e
os enviou para pregar a penitência e o perdão dos pecados (Lc 24,47). Portanto,
o sacramento da Penitência se enraíza na vida e na prática de Jesus.
A pregação vibrante
da Boa Nova de Jesus pelos apóstolos fez com que a multidão clamasse: “irmãos,
o que devemos fazer?”. Ao que Pedro responde: “arrependam-se, e cada um de
vocês seja batizado em nome de Jesus Cristo, para o perdão dos pecados” (At 2,
38). O batismo é o sacramento da primeira e fundamental conversão. O sacramento
da Penitência representa a segunda conversão. “Salvos pelas águas do
Batismo, nosso louvor se enfraqueceu pelo pecado que cometemos, mas o
Sacramento da Reconciliação nos convida à penitência, nos renova na santidade” (cf
Prefácio da Penitência, Missal Romano). Os Padres da Igreja consideravam a Reconciliação um “batismo
laborioso” (cf. Sacramentum Caritatis, n. 20).
O processo histórico do sacramento da Penitência
passou por diferentes etapas no seu desenvolvimento ao longo dos séculos.
Destacaram-se três etapas: a) uma
penitência longa e rígida para quem tivesse cometido os pecados graves do
adultério, da apostasia e do homicídio após o batismo. Os pecadores eram
afastados da comunidade e acompanhados pela oração da mesma, enquanto cumpriam
longas penitências. Após demonstrarem arrependimento pelos pecados cometidos,
eram reconciliados e readmitidos na comunidade e na participação eucarística.
Tal penitência só podia realizaR-se uma vez na vida. Suas exigências tinham por
finalidade a conversão. b) a rígida
penitência pública e canônica, aos poucos, foi sendo substituída pela confissão
privada e comutativa. Trata-se de uma prática dos monges da Irlanda introduzida
no Continente Europeu. Os pecadores confessavam seus pecados ao bispo ou ao
padre, sempre que recaíssem no pecado.
Recebiam longas e pesadas penitências e somente depois de cumpridas é
que recebiam a absolvição. As exigentes penitências podiam ser comutadas, isto
é, substituídas por outras mais brandas, como a recitação dos salmos,
peregrinações, doações etc. c) por fim, a Igreja adotou a confissão auricular. A confissão dos pecados,
tanto graves como leves, era feita ao sacerdote no segredo do confessionário. O
pecador declarava seus pecados, recebia uma palavra do confessor, era
imediatamente absolvido e enviado ao cumprimento da penitência.
As diferentes etapas que caracterizaram o processo
histórico do Sacramento da Penitência
sublinham a atenção da Igreja para com seus membros pecadores que,
arrependidos, desejam ardentemente retornar à comunhão com Deus e com os
irmãos. Assim chegamos ao Concilio Vaticano II que pede: “o rito e as fórmulas da Penitência sejam
revistos de tal forma que exprimam mais claramente a natureza e o efeito deste
Sacramento” (SC 72).
Perguntas para reflexão pessoal ou em grupos:
1.
Por que ainda hoje se fala “no sacramento da confissão”?
2.
Buscando o sacramento da Penitência e da Reconciliação, o que mais as
pessoas deveriam buscar e celebrar?
3.
Como entender que Jesus Cristo instituiu o Sacramento da Penitência e
Reconciliação?
4.
Ler o Evangelho de João 20, 19-23.
Fonte: http://www.cnbb.org.br/site/component/docman/cat_view/236-liturgia-em-mutirao-iii
Nenhum comentário:
Postar um comentário