2015-06-17 Rádio Vaticana
Cidade
do Vaticano (RV) – Quarta-feira é dia de Audiência Geral no Vaticano.
Como de costume, o Papa fez seu ingresso na Praça S. Pedro de papamóvel,
para, assim, ter a oportunidade de saudar de perto os cerca de 25 mil
fiéis oriundos de várias partes do mundo. Do Brasil, estavam presentes
os membros do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela
Hanseníase e do Instituto Dom Helder Câmara.
Já diante da Basílica, Francisco deu sequência a seu ciclo de catequeses sobre a família, falando desta vez sobre o luto – experiência que não poupa sequer um núcleo familiar.
Pais em luto
A morte faz parte da vida, disse o
Papa, mas quando se dá na família, é muito difícil vê-la como algo
natural. Para os pais, perder o próprio filho é algo “desolador”, que
contradiz a natureza elementar das relações que dão sentido à própria
família. Francisco falou de sua experiência com os fiéis que participam
da missa na Casa Santa Marta quando alguns pais, ao falarem da morte do
próprio filho, têm “o olhar entristecido”.
“A morte toca e quando é um filho,
toca profundamente”, disse. A perda de um filho é como parar o tempo,
onde passado e futuro não se distinguem mais. Toda a família fica
paralisada. O mesmo acontece para o menor que fica órfão e, com
sofrimento, se pergunta quando voltará seu pai ou sua mãe.
Buraco negro
“Nesses casos, a morte é como um
buraco negro que se abre na vida das famílias e à qual não podemos dar
qualquer explicação.” E, às vezes, acaba-se por culpar ou negar Deus.
“Eu os entendo”, disse Francisco, porque se trata de uma grande dor.
Todavia, prosseguiu o Pontífice, a
morte física tem “cúmplices”, que são até piores do que ela, como o
ódio, a inveja, a soberba e a avareza. O pecado faz com que esta
realidade seja ainda mais dolorosa e injusta.
“Pensemos na absurda ‘normalidade’
com a qual, em certos momentos e lugares, os eventos que acrescentam
horror à morte são provocados pelo ódio e pela indiferença de outros
seres humanos. O Senhor nos liberte de nos acostumarmo-nos a isso!”
Não temer a morte
Jesus nos ensina a não temer a morte,
mas também a vivenciá-la de forma humana. Ele mesmo chorou e ficou
turbado ao compartilhar o luto de uma família querida. A esperança nasce
das palavras de Cristo à viúva que perdeu seu filho: “Jesus o restituiu
à sua mãe”. “Esta é a nossa esperança, que o Senhor nos restituirá
todos os nossos caros”, disse o Papa.
Se nos deixarmos amparar por esta fé,
a experiência do luto pode gerar uma solidariedade mais forte dos elos
familiares, uma nova fraternidade com as famílias que nascem e renascem
na esperança. Esta fé nos protege seja do niilismo, seja das falsas
consolações supersticiosas e nos confirma que a morte não tem a última
palavra.
A cruz derrota a morte
Por isso, é necessário que os
pastores e todos os cristãos expressem de maneira mais concreta o
sentido da fé junto às famílias em luto. E nos inspirar naquelas
famílias que encontraram forças para perseverar na fé e no amor,
testemunhando que o trabalho de amor de Deus é mais forte que a morte.
“E lembremo-nos daquele gesto de Jesus, quando nos reencontraremos com
os nossos caros e a morte será definitivamente derrotada.”
(BF)
Nenhum comentário:
Postar um comentário