Chamado à santidade no casamento
Encontro destaca o casal de beatos Luigi e Maria Beltrame Quattrocchi
Por Salvatore Cernuzio
ROMA, quarta-feira, 30 de novembro de 2011 (ZENIT.org)
- "Quando um homem e uma mulher se tornam um só no matrimônio, eles deixam
de ser vistos como criaturas terrestres: tornam-se a própria imagem de Deus".
Nunca houve uma personificação mais plástica destas palavras de São João
Crisóstomo do que os cônjuges Luigi e Maria Beltrame Quattrocchi, o primeiro
casal beatificado na história da Igreja.
Beatos não “apesar do casamento”, mas precisamente
por causa dele. O casal não foi elevado aos altares por ter fundado alguma
congregação missionária, mas simplesmente porque viveu o casamento como um
caminho concreto para a santidade e para Deus.
A data de celebração do casal beato na diocese de
Roma é 25 de novembro, aniversário do casamento celebrado em Santa Maria
Maggiore em 1905. Em fevereiro de 1994, foi iniciada no Tribunal para a Causa
dos Santos do Vicariato de Roma a causa da canonização. João Paulo II
beatificou-os em 21 de outubro de 2001, no vigésimo aniversário da Familiaris
Consortio.
Justo nos dias em que o Vaticano realiza a
Assembleia Plenária do Pontifício Conselho para a Família, que aborda o
trigésimo aniversário da fundação do dicastério, foi realizada no Capitólio
romano, neste 25 de novembro, a conferência Cidadãos autênticos: nos
passos de Maria e Luigi.
O encontro, dez anos após a beatificação do casal,
procurou chamar a atenção para um aspecto que vai além do cristão e educativo:
o ético e civil, enfatizando a contribuição que Luigi e Maria deram à cidade de
Roma e a toda a Itália como "cidadãos autênticos".
“Quando falam dos meus pais, as pessoas sempre
falam de casamento, família, educação dos filhos”, disse Enrichetta Beltrame
Quattrocchi, quarta e última filha do casal, convidada especial da conferência.
“Mas nunca falam da vida deles como cidadãos, que foi intensa".
“Por isso nós optamos pela Capitólio”, continuou Enrichetta, incansável aos 97
anos de idade. “Porque é um lugar de profundo valor institucional e de vínculo
significativo com os cidadãos, mas principalmente porque eu me comovi quando o
papa Bento XVI, em 9 de março de 2009, na hora de saudar os romanos destacando
as glórias de Roma, nomeou os santos que trabalharam por esta cidade e, entre
eles, os meus pais”.
Entre os muitos e ilustres convidados do encontro,
estão Dom Luciano Suriani, delegado das Representações Pontifícias; Dom Paolo
Mancini, vigário para a pastoral familiar da diocese de Roma; Marco Pomarici,
presidente da Assembleia Capitolina; Salvatore Martinez, presidente da
Renovação Carismática italiana; Maria Voce-Emmaus, presidente do movimento dos
Focolares, e muitos outros.
“Maria e Luigi foram exemplos vivos de como a vida
cotidiana pode concretizar o chamado à santidade, que é a medida da vida cristã
diária”, disse Dom Suriani . “Cinquenta anos atrás, o Concílio Vaticano II
lançou um apelo à santidade da família e ele se realizou graças aos dois
beatos. Precisamos que todas as famílias do nosso tempo, a exemplo deles,
também se tornem pequenas igrejas, verdadeiras escolas de oração”.
É uma missão que os Beltrame realizaram plenamente
como esposos e pais, como fica demonstrado pelo fato de que os quatro filhos,
ao crescerem, sentiram o chamado de Deus à vida religiosa: Filippo (Don
Tarcisio) é padre diocesano; Stefania (irmã Maria Cecilia) é freira beneditina;
Cesare (padre Paolino) é monge trapista, e Enrichetta, a caçula, é leiga
consagrada.
Mas também é uma missão que se concretizou no
engajamento civil, no respeito pela democracia, pelas instituições, pela
cidade, no próprio trabalho (Luigi era advogado e Maria era escritora e enfermeira)
em benefício da sociedade, particularmente dos pobres, doentes e aflitos.
Antonio Conte, presidente da Ordem dos Advogados de
Roma, falou precisamente sobre isto: "Luigi Beltrame Quattrocchi nos
oferece uma imagem do advogado, talvez menos comum hoje em dia, mas essencial
para a compreensão da função de quem é ad-vocatus, ‘chamado com’,
‘chamado junto de’, para aqueles que precisam de assistência. Esta belíssima
profissão se transforma em serviço puro, humanidade, santidade para a Igreja,
se for acompanhada de um inclinar-se diante do homem para compartilhar, para
carregar os fardos juntos com os oprimidos, para alegrar-se com aqueles que
estão em festa. Ser ‘humano’ desta forma é algo que torna o advogado uma pessoa
que tem uma missão na sociedade civil. Eu diria que esses elementos fizeram do
advogado Beltrame Quattrocchi uma pessoa que realmente viveu o carisma da
sua profissão, infundindo a alma cristã na atividade que realizava".
Também foi apresentada durante o encontro a
Associação A.Mar.Lui, nascida por desejo da filha Enrichetta e presidida por
Attilio Danise e Giulia Paola di Nicola, voltada principalmente aos cônjuges e
namorados, mas aberta a todos: solteiros, sacerdotes, religiosos e todos
aqueles "que desejem alimentar um espírito de família na Igreja e na
sociedade, estar perto das famílias e das suas necessidades", como
explicaram os presidentes.
Para selar o dia cheio de memórias e de emoções,
foi oferecido o recital Uma auréola para dois, dedicado à vida dos
beatos, na Domus Mariae de Roma, reunindo na mesma noite todos os participantes
do encontro, inclusive famílias de diversas regiões italianas, membros da
A.mar.Lui. e dos Focolares, assim como os participantes da reunião da CEI
(Conferência Episcopal Italiana) sobre os 30 anos da Familiaris
Consortio.
FONTE:
www.zenit.org
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